Veja 10 pesquisas feitas na Bahia que impactam na sua alimentação
De um novo tipo de banana até um mamão diferente, muita coisa já foi criada por aqui
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Vinicius Nascimento
vinicius.nascimento@correio24horas.com.br
Morar num país tropical e abençoado por Deus tem sua benesses. Naturais, principalmente. E a ciência é uma aliada e tanto para potencializar as coisas que saem da terra e vão para a mesa das pessoas por todo o Brasil.
A Bahia, por exemplo, tem, junto a Sergipe, a segunda maior área própria para o cultivo de frutas cítricas em todo o país. Em volume de produção, os estados só ficam atrás de São Paulo, segundo o chefe-geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na Bahia, Alberto Vilarinhos. A empresa, que completou 47 anos de existência no último domingo (26), é diretamente responsável por pesquisas que apesar de nem sabermos que existem, têm resultados que chegam aos nossos lares todos os dias.
Laranjá, maracujá, mamão...tudo isso são produtos naturais, certo? Não tanto. Mas, calma, não precisa se desesperar. A tecnologia chega a esses alimentos para melhorar seu tempo de vida e qualidade de plantio, por exemplo. E isso é bom tanto para o agricultor quanto para o consumidor.
Localizada em Cruz das Almas, a Embrapa Mandioca e Fruticultura emprega 185 funcionários - sendo que 65 deles são pesquisadores. A unidade trabalha com as seguintes culturas: abacaxi, banana, citros, manga, mamão, maracujá e mandioca e já desenvolveu um montão de coisa: desde um novo tipo de mamão, até um maracujá-roxo, que tem um sabor mais acentuado. Abaixo, listamos 10 resultados de pesquisas desenvolvidas ali:
1. Maracujá-roxo Fruta do gênero botânico chamado de Passiflora, o maracujá possui três espécies mais cultivadas: maracujá-amarelo (Passiflora edulisf. flavicarpa), maracujá-roxo (Passiflora edulis Sims) e maracujá-doce (Passiflora alata). O amarelo também é conhecido como maracujá azedo por conta do sabor mais ácido. Já o Maracujá-roxo tem gosto adocicado e pode até ser comido de colher, como fazem os europeus, por exemplo. Segundo o pesquisador Raul Castro Carriello Rosa, “entre as qualidades do maracujá-roxo em comparação ao amarelo, estão o maior rendimento de sua polpa, a maior resistência da planta a doenças e a maior produção de frutos”.
O Estado da Bahia é o maior produtor nacional de maracujá, com um volume de 321 mil toneladas, correspondendo a 41% da produção brasileira, em uma área aproximada de 30 mil hectares, em 2012. Cerca de 57% da produção do estado está concentrada nos municípios de Dom Basílio, Livramento de Nossa Senhora e Rio Real. Maracujá-roxo é mais doce e tem mais polpa do que o amarelo, que é mais convencional (Foto: Raul Rosa/Embrapa) 2. Abacaxi em Itaberaba Adubação correta, adensamento da plantação, controle de pragas e indução floral foram algumas práticas que fizeram de Itaberaba, desde 2016, a maior produtora de Abacaxi na Bahia. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o ciclo do abacaxi gera cerca de seis mil empregos diretos e indiretos e a receita anual de R$30 milhões para o município que fica a a 264 quilômetros de Salvador.
3. Banana-maçã Pequenina e muito saborosa, a banana-maçã chamada BRS Princesa foi lançada pela unidade baiana em 2010. Ela veio para repor um tipo de banana-maçã que quase ser dizimada pela doença mancha de Fusarium. Ela é mais adocicada, menos ácida e tem a polpa macia em relação à banana da prata, mais tradicional no país.
4. Sistema de produção para a banana-maçã Apesar do sabor, as bananas-maçã eram suscetíveis ao agente causal da principal doença da bananeira no Brasil, o mal-do-panamá. Em 2018, a Embrapa Mandioca e Fruticultura desenvolveu um sistema de produção online específico para esse tipo de fruta que gerou bons resultados.
A redução no consumo de água foi de 25% quando comparado ao consumido para o plantio de Banana da Prata, tipo que é o mais cultivado no país. Isso tornou a Banana-maçã ideal para cultivo em regiões do Semiárido. Além disso os materiais se tornaram resistentes às principais doenças que assolavam a cultura. Isso também reduziu o consumo de agrotóxicos.
5. Mandioca Formosa Uma doença chamada bacteriose é uma das grandes vilãs no cultivo de mandioca. Um trabalho publicado em 2016 impediu que as produções no Centro-Sul da Bahia fossem erradicadas. Foi desenvolvida a mandioca BRS Formosa, naturalmente resistente à enfermidade e que por isso dispensa o uso de produtos químicos na lavoura para o combate dessta doença.
6. Mandioca com mais amido Desenvolvida pela Embrapa em parceria com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e com a fecularia Bahiamido, foi criada a mandioca BRS Novo Horizonte. Desde 2019 essa variedade é cultivada nas regiões de Valença, Jequié e Santo Antônio de Jesus.
Pesquisador da Embrapa na Bahia, Eder Oliveira explica que o sucesso da BRS Novo Horizonte não se deve somente ao teor de amido, mas também à facilidade de sua extração. “A quantidade superior obtida pela Bahiamido se deve, muito provavelmente, à presença de um amido mais extraível na raiz. Às vezes há até muito amido, mas ele está tão aderido à fibra e a eficiência do processo de extração não é tão elevada. E, aparentemente, a Novo Horizonte tem uma eficiência de extração alta, por isso, o rendimento de amido tem sido bastante interessante. Além disso, dá o que a indústria quer: carregar menos água e ter materiais com mais amido o que, de certa forma, influencia muito no custo de produção”.
7. Parceria pelo Umbu em Guanambi Com o objetivo de colaborar com a preservação da espécie, a Embrapa Mandioca e Fruticultura, a Embrapa Semiárido (PE) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) cederam para o campus do Instituto Federal de Educação (IF) em Guanambi, mudas de umbuzeiros e umbucajazeiras. "A Embrapa colocou em nosso instituto uma coleção de 26 clones, totalizando 140 plantas. Dessas, 80 plantas têm nove anos. Nós já estamos produzindo há quatro. As outras 60 fizeram cinco anos em novembro e vão iniciar a produção, ainda pequena, este ano. A grande importância desse banco é a conservação desse material, já que ele tem uma variabilidade grande. É uma coleção que tem materiais da Bahia, de Minas Gerais e de Pernambuco, também considerados os melhores clones em tamanho. Isso é de fato um trabalho muito importante para a preservação da espécie na Caatinga", explica o engenheiro-agrônomo Sergio Donato, professor do IF Baiano.
8. Um novo mamão Ainda não foi lançado, mas em breve estará disponível nas prateleiras. É o que garante Alberto Vilarinhos, chefe-geral da Embrapa Mandioca e Fruticultura. Esse mamão será do tipo papaya, mas ainda não tem nome de mercado definido. Ele tem a casca um pouco mais grossa e por isso apresenta mais resistência para transporte e armazenamento. Além disso, o sabor é mais adocicado do que o mamão papaya já conhecido.
9. App contra pragas e doenças do Maracujá Lançado no final de 2019, o aplicativo 'AgroPragas Maracujá' permite comparar fotos das pragas e sintomas das doenças identificadas no campo com as imagens disponíveis no aplicativo. O desenvolvimento deste software foi em parceria com estudantes de Ciências Exatas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
10. App de monitoramento do mamão O Sistema Integrado de Monitoramento de Pragas do Mamão (SimpMamão) foi lançado em 2018 e serviu de inspiração para o AgroPragas Maracujá. Em um dispositivo móvel, o produtor preenche planilhas digitais com várias informações sobre a lavoura, como número de insetos encontrados e quantidade de frutos, entre outras. Após a sincronização desses dados com o sistema na internet, o SimpMamão analisa e apresenta recomendações de pulverização ou não da plantação.
*com supervisão da subeditora Clarissa Pacheco