Mancha de óleo atinge Corumbau, no Banco de Abrolhos
Material chegou ao ponto mais ao sul até agora e vira ameaça a arquipélago
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Da Redação
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O Banco de Abrolhos não está mais livre das manchas de óleo agora que o petróleo cru chegou a Corumbau, povoado de Prado, no Extremo Sul do Estado.
A prefeitura local informou que pequenas manchas do resíduo chegaram à região, nesta quinta-feira (31). Entretanto, o Ibama aponta que o ponto oleado mais ao sul do estado, até agora, é Santa Cruz Cabrália, na região de Porto Seguro. O instituto informou que muitos pontos do sul do estado receberam resquícios de óleo nesta quinta.
Localizado no início do Banco de Abrolhos, Corumbau ainda não faz parte do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, nem do arquipélago de mesmo nome. Em linha reta, a localidade está a cerca de 124 Km do parque.
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De acordo com o coordenador da Rede Abrolhos, Rodrigo Moura, duas Unidades de Conservação já foram atingidas - a Reserva Extrativista de Canavieiras e a Reserva Extrativista Marinha Corumbau.
Segundo a secretária de Administração da Prefeitura de Prado, Andressa Neves, os resíduos que atingiram Corumbau tinham apenas cerca de 5 cm. Uma equipe da Secretaria de Meio Ambiente e de voluntários vai ser enviada para a região nesta sexta-feira (1º).
Limpeza das praias Na localidade, a comunidade teve pronta resposta e já limpou a praia. Restam apenas uma pequena quantidade dos fragmentos. Na vizinha Cumuruxatiba, a população e agentes de limpeza também estão mobilizados para responder de forma rápida a chegada do óleo. Ambas localidades ficam em Prado.
A prefeitura da cidade adquiriu alguns Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Os apetrechos também foi doado pela Marinha, ONGs e parceiros da prefeitura. Andressa informou que os equipamentos vão ser levados para a região de Corumbau para preparar o local para uma chegada de uma maior quantidade de óleo. “Se chegar, estamos preparados para isso. Mas, de acordo com a Marinha, pode ser que só venha essa quantidade”, disse.
Até o momento, a sede de Prado ainda não registrou a chegada de óleo, mas esforços de monitoramento buscam avistar o resíduo antes que ele toque a costa. Foi no mar que um pescador da região encontrou uma mancha de petróleo cru, a cerca de 25 Km da costa do Prado.
Segundo a analista ambiental da secretaria de Meio Ambiente do município, Gabriela Vasconcelos, a amostra coletada pelo pescador deve ser entregue à Marinha para análise.“Esperamos eles pegarem o material para confirmar se é o mesmo óleo que está no litoral do Nordeste. Tudo indica que seja o mesmo”, pontuou.No dia 17 de outubro, os municípios litorâneos do Extremo Sul da Bahia e as reservas ambientais da região criaram um plano de ação para responder a chegada do óleo.
Segundo Gabriela, a sociedade local está muito mobilizada. “O monitoramento da chegada é feito pelos pescadores e pela população, não tem uma equipe”, explica a analista ambiental.
De acordo com Gabriela, o plano possui quatro etapas - articulação entre os municípios e os órgãos superiores, comunicação, monitoramento e limpeza e contenção. A prefeitura informa a comunidade como atuar nas limpezas das praias e evitar contaminações.
A secretária de Administração da Prefeitura de Prado contou que os moradores do município que forem instruídos sobre o contato com o óleo devem passar os conhecimentos a frente. “Treinamos agentes de saúde, limpeza pública e diretores de escola para serem replicadores para passar para a comunidade informações sobre como tratar os resíduos e fazer a coleta”, pontuou.
Banco de Abrolhos Com uma extensão que vai de Corumbau, na Bahia, até Regência, no Espírito Santo, o Banco de Abrolhos é o berçário das Baleias Jubarte, casa para espécies endêmicas e os recifes de corais mais ricos do Atlântico Sul. “É um grande reservatório de biodiversidade”, afirmou o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenador da rede abrolhos, Rodrigo Moura.
Para o coordenador é impossível medir os impactos ambientais nesta área de grande importância para a conservação da biodiversidade marinha do brasil. Ele explica que, no caso da chegada de grandes manchas no local, é possível prever a mortalidade em massa de corais e a perda da biodiversidade. “O prejuízo para a fauna marinha é incalculável. É uma perda que a gente pode dizer que é irreparável”, afirmou.
O professor afirmou que ser essencial que seja mantida a mobilização dos órgãos governamentais e dos voluntários na região para mitigar as consequências da chegada do óleo. “É importante ampliar a mobilização. Até porque a mancha chega em fragmentos. A gente precisa de uma mobilização grande dos autores locais, que estão mobilizados em termos de voluntariado. Mas é preciso ampliar o apoio para que as pessoas possam atuar não só na limpeza das praias”, indicou.
Apesar de ter atingido o Banco de Abrolhos, ainda não foi registrada a chegada do petróleo cru no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos - o primeiro a ser criado no Brasil. Dentro desta região rica do ponto de vista da biodiversidade, é na área de preservação que ficam os locais mais frágeis e que podem sofrer as piores consequências se atingidos pelo óleo.
“O parque é o epicentro, o local que é mais importante para a biodiversidade. Nas áreas do parque é onde se tem as ilhas, que são basicamente rochosas e onde a chegada do óleo pode causar problemas muito sérios”, pontuou.
Moura explica que também é dentro do parque que ocorre os recifes de corais chamados de chapeirões, uma formação que só ocorre na região e cresce desde o fundo do mar até perto da superfície em um formato de cogumelo. “A gente tem uma quantidade muito grande desses recife que estão na região do parque e se esse óleo chegar, certamente fica preso nessas estruturas porque elas são muito altas em relação ao fundo do mar”, disse.
Apontado pelo professor como o parque marinho mais importante do Brasil, o parque resguarda uma área chave para a preservação da biodiversidade. “Ele é chave para manter a pesca saudável no entorno”, disse.
*Com orietação da chefe de reportagem Perla Ribeiro.