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João Leão entrega carta de exoneração a Rui Costa após racha entre PP e PT


 

Vice-governador agradeceu 'relação respeitosa que gerou laços de amizade'

  • Da Redação

Publicado em 14/03/2022 às 16:32:29
Atualizado em 22/04/2023 às 22:49:05
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João Leão (PP) entregou nesta segunda-feira (14) uma carta onde pediu ao governador Rui Costa (PT) a exoneração do cargo de secretário do Planejamento da Bahia, que o pepista acumulava concomitantemente ao de vice-governador.

A decisão de deixar o posto ocorreu após a oficialização da saída do PP da base governista causada por desentendimentos na formação da chapa para as eleições estaduais de 2022.

"Nesses anos de trabalho conjunto, dei o melhor de mim, sempre atento ao interesse público, com ética e dedicação. Despeço-me, agradecendo a convivência respeitosa que gerou laços de amizade", disse Leão na carta.

Leia a carta completa: Além de Leão, outros pepistas também entregaram os cargos: Nelson Leal, antigo secretário de Desenvolvimento Econômico, e Leonardo Goés, que era o secretário de Infraestrutura Hídrica e Saneamento.

Entenda O racha entre PP e PT ocorreu por divergências na formação da chapa governista ao governo do estado. O desejo de João Leão era que Rui Costa deixasse o cargo de governador para concorrer ao senado, o que transformaria o pepista em governador por nove meses.

No entanto, Rui recuou do desejo de concorrer ao senado e vai ficar no cargo até o fim do mandato.

Jaques Wagner (PT) revelou, durante entrevista à rádio Metrópole, que o governador Rui Costa havia recuado da ideia de renunciar ao cargo para disputar uma vaga no Congresso e que o senador Otto Alencar (PSD), até então cotado para ocupar o lugar de Wagner no palanque da base, retornaria ao páreo para concorrer ao segundo mandato.

Leão não foi avisado sobre a nova reviravolta e o anúncio acabou gerando um mal-estar na chapa do Palácio de Ondina, já que o vice-governador ficou sabendo da nova decisão pelo rádio. 

O ocorrido elevou a pressão interna para que o partido deixasse o bloco do PT e apoiasse a candidatura do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) ao governo.

Leão, que também é presidente do PP baiano, se reuniu com o senador Ciro Nogueira, presidente nacional licenciado do Progressistas e atual ministro-chefe da Casa Civil do Governo Federal, e com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, para traçar o futuro do partido na Bahia. "Após as declarações do senador Jaques Wagner, em entrevista no início da semana, descumprindo alinhamentos construídos fruto de amplo diálogo, o PP da Bahia precisa refletir sobre seu futuro nas eleições estaduais deste ano", afirmou Leão na época.

O líder do PP baiano explicou que estavam sendo analisados alguns cenários. Um deles, o PP ter candidatura própria ao governo da Bahia. O outro, compor com a chapa majoritária do ex-prefeito de Salvador e secretário Geral do União Brasil, ACM Neto.

O senador Jaques Wagner (PT) chegou a pedir desculpas a João Leão (PP), ao deputado federal baiano Cacá Leão e ao Partido Progressista (PP) pela forma como conduziu o anúncio do candidato do PT na Bahia para as eleições deste ano. 

Sem acerto, o PP decidiu abandonar a base aliada e já negocia com a oposição para integrar a chapa que deve ser capitaneada por ACM Neto, como revelou Bruno Reis.

Ruptura da aliança A aliança de 14 anos entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Progressistas (PP) na Bahia chegou oficialmente ao fim nesta segunda-feira (14). Em nota, o PP relembrou todos os fatos que causaram mal-estar na chapa e citou uma "inaceitável quebra do acordo" após decisões unilaterais tomadas pelo senador Jaques Wagner. Além de João Leão, os secretários de Desenvolvimento Econômico, Nelson Leal, e de Infraestrutura Hídrica e Saneamento, Leonardo Góes, também pediram exoneração de seus cargos.

"O Progressistas Bahia decidiu buscar novos caminhos. Mas, antes de falar do futuro, precisamos rememorar a contribuição do Partido nos êxitos das últimas quatro gestões estaduais e explicar o caminho que nos trouxe até esta importante decisão", diz a nota assinada pela Comissão Executiva do Partido Progressista. 

Em seguida, o partido cita a participação nas três últimas vitórias eleitorais e na administração do estado. "Jamais faltou lealdade, dedicação, apoio parlamentar e espírito público", diz o texto. A nota recupera ainda todos os eventos que causaram a ruptura, desde a promessa do PP assumir o governo durante os nove meses finais do atual mandato, até a entrega da carta nesta segunda.

"Além de considerar inaceitável a quebra do acordo, a indelicada comunicação da decisão pela imprensa causou uma imensa decepção e a constatação de que o PP não era mais desejado e não tinha espaço na aliança que nos trouxe até aqui", escreveu a comissão, que decidiu, por unanimidade, se afastar da aliança atual. " O PP é um dos maiores partidos da Bahia e do Brasil e a nossa história não foi reconhecida na decisão dos líderes petistas", finaliza a nota.