Governo quer saber consumo de água de empresas em rios do Oeste baiano
Retirada em rio motivou ataque a empresa com prejuízo de R$ 50 milhões
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Mario Bitencourt
mario.bitencourt@redebahia.com.br
Apesar décadas de liberações de outorgas para empresas agrícolas captarem água de rios do Extremo Oeste da Bahia, só agora, após uma crise hídrica que veio à tona com a destruição de fazendas da Igarashi, no dia 2 de novembro, e que causou prejuízo de R$ 50 milhões, é que o Governo do Estado saberá de fato o volume retirado dos rios.
Após de ser provocado por autoridades da região, sobretudo de Correntina (914 km de Salvador), onde fica a fazenda da Igarashi, o governador Rui Costa (PT) determinou que empresas do agronegócio instalem, dentro de 60 dias, sistemas de medição da vazão consumida (hidrômetros) em todos os pontos de captação da Bacia do Rio Arrojado.
A determinação ocorre por meio de uma portaria do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), que vem sendo questionado pelo CORREIO sobre as condições atuais das bacias hidrográficas da região, mas não responde. O órgão também deixou de informar quantas empresas captam água na região.
O problema hídrico no Oeste já está se tornando pauta de discussão nacional. Esta semana, o prefeito de Correntina, Nilson José Rodrigues (PCdoB), o Maguila, participou em Brasília do Encontro Preparatório para incluir a problemática do uso da água do Rio Arrojado na pauta do 8º Fórum Mundial da Água que será realizado em março de 2018 também na capital do país.
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O gestor apresentou a problemática envolvendo o uso da água no município e defendeu a inclusão da situação do Rio Arrojado na programação do Fórum Mundial. Maguila disse que deseja “conseguir equilibrar essa balança para assegurar o desenvolvimento ecologicamente correto em nossa cidade”.“Essa conta precisa ser equilibrada, até mesmo porque existem razões dos dois lados”, afirmou o prefeito ao CORREIO.O município foi convidado para relatar os recentes conflitos envolvendo a comunidade ribeirinha e as grandes empresas de agronegócio.
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Liberação de outorgas Além de aprofundar o debate sobre a luta histórica da população em defesa da preservação dos rios, foi demonstrada a necessidade de promover alterações na política estadual de liberação de outorgas para captação de água e também de ampliar a fiscalização das licenças concedidas.
Caso seja escolhida para ser estudo de caso durante o evento mundial, a situação do Rio Arrojado será discutida com as maiores autoridades ambientais do Brasil e também do mundo.
A proposta consiste em buscar soluções para os problemas hídricos e reforçar a importância da gestão responsável da água pela população e pelo setor produtivo, seja na indústria ou nas grandes lavouras.
“O governo do estado, na pessoa do governador, tem demonstrado muita preocupação e empenho para ajudar nosso município e agora com a ajuda do governo federal, tenho certeza que mais benefícios serão levados para o nosso povo. A questão ambiental, da preservação dos rios e do fomento à agricultura familiar ribeirinha e também de equilíbrio da atividade do agronegócio, são demandas urgentes de Correntina”, declarou Maguila.
A Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) defende que as gricultores da região estão fazendo uso consciente dos recursos hídricos e colaborando para a preservação ambiental por meio de pesquisas. Porém ainda não tem dados consistentes para apresentar.
A entidade espera obter informações mais precisas por meio de um estudo que realiza desde fevereiro para quantificar a disponibilidade da água e sua importância para os múltiplos usos nas bacias do Rio Grande e Corrente e, com isso, garantir a segurança hídrica para manter a irrigação e a produção sustentável de alimentos.
A pesquisa está sendo desenvolvida por estudiosos da Universidade Federal de Nova Viçosa (UFV-MG) e da Universidade Federal de Nebraska (nos EUA), e tem previsão de ser finalizada no final de 2018.
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A associação divulgou estudo realizado recentemente por pesquisadores da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e da Faculdade São Francisco de Barreiras (Fasb) em uma área de 1,98 milhão de hectares desmistificou a ideia de que a agricultura é o principal contribuinte para o efeito estufa.
O estudo, de acordo com a Aiba, mostra que a atividade agrícola praticada no Oeste baiano reduz a emissão do gás poluente, através da absorção e retenção do mesmo no solo.
Segundo o diretor de Águas e Irrigação da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), engenheiro agrônomo José Cisino Lopes, o aprisionamento de CO2 na terra favorece as plantas para que elas tenham mais acesso à agua e aos nutrientes, uma vez que desenvolvem um sistema radicular mais forte.
“Com solo de maior qualidade e raízes bem desenvolvidas e mais profundas o resultado é uma lavoura mais saudável e com uma produtividade maior. Isso é bom para o produtor e melhor ainda para o meio ambiente”, explicou.
Sobre irrigação, a Aiba informou que “muitos irrigantes da região adquiriram as próprias estações agrometeorológicas, cuja finalidade é garantir a eficiência na irrigação.”
As estações automatizadas e de baixa manutenção fornecem dados climáticos necessários que auxiliam o operador a tomar decisões assertivas ao estabelecer a lâmina d’água, momento adequado e tempo de irrigação, evitando desperdício, tanto de água quanto de energia elétrica.
“São sistemas inteligentes que calculam o volume hídrico e o tempo a ser irrigado, para que não haja excessos nem uma sublâmina incapaz de atender a demanda mínima da planta. É um sistema de gerenciamento de irrigação que ajuda a minimizar as perdas hídricas”, pontuou o engenheiro agrônomo e membro do Conselho Técnico da Aiba, Orestes Mandelli.