Ex-namorada denuncia rapper por agressão: 'perdi a consciência'
Caso foi registrado na Deam de Camaçari; ele nega os ataques
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Milena Hildete
milena.teixeira@redebahia.com.br
Victor e Magda tiveram relação de mais de 5 anos (Foto: Reprodução/Facebook) Sempre que as discussões começavam, a estudante Magda Anali, 24 anos, era chamada de louca. Aliás, por um tempo, até acreditou que estivesse ficando. Perdeu o contato com os amigos, já não via a família com tanta frequência. Se sentia fraca. Tinha tanta vergonha da mulher que estava se tornando que achou melhor se calar. E, por amor, até achou que ia conseguir superar os traumas das agressões físicas.
Mas na última terça-feira (13) ela resolveu “acabar o sofrimento mascarado”, como diz. A jovem denunciou à polícia as agressões do ex-companheiro, o rapper Victor Lins, mais conhecido como Mobb, do grupo Direto do Hospício (DDH).
A ocorrência foi registrada na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. O caso veio à tona quando a jovem publicou um relato em sua página no Facebook.
Na publicação, ela diz que além de ter sido agredida fisicamente, mais de uma vez, sofreu diversas agressões psicológicas, preconceitos social e racial. A publicação teve, até noite desta segunda (19), três mil curtidas e mais de 800 compartilhamentos. (Leia a íntegra do relato no final da reportagem). O relacionamento de Magda e Victor começou quando ela tinha 18 anos. Na época, ele tinha 15. Eles se conheceram na internet e, nos meses seguintes, o namoro começou. Ao CORREIO, ela disse que desde o início da relação passou por situações de injúria racial por parte de familiares dele. Segundo ela, uma das pessoas mais próximas “deixava claro que não era a favor daquilo, do namoro, por causa da minha cor”.
No meio do relacionamento, Magda se viu convivendo mais com o agressor do que com a própria família. Era na casa dele, na qual ele morava com a mãe, que ela ficava a maior parte do dia. “Ele se mostrou uma pessoa manipuladora. As agressões psicológicas também eram baseadas na minha condição social, porque eu não tinha condição de estudar. Ele falava até do caso de eu ser quieta”, contou.
Em sua defesa, Victor disse que iria à Delegacia da cidade para tomar providências em relações às denúncias apresentadas pela ex-namorada. O rapper disse ainda que "não foi notificado em momento nenhum pela Polícia". No entanto, o CORREIO teve acesso ao boletim de ocorrência registrado pela jovem. Boletim de ocorrência foi registrado no último dia 13 (Foto: Reprodução/CORREIO) Histórico de agressões De acordo com Magda, na primeira vez que apanhou, ela não tinha consciência que um “sufocamento” fosse uma agressão. Segundo a jovem, foi durante uma conversa.“Ele me perguntou se eu estava 'viajando' e começou a me sufocar”, disse. Na segunda vez, em junho do ano passado, conta que acabou sendo espancada. Dessa vez, com mais ciência dos abusos, ela tentou ir embora, mas afirma que ficou por causa das “manipulações” do ex-namorado.“Ele pegou os meus documentos e jogou tudo fora. Me deu cotoveladas. Puxou meu cabelo e jogou minha cabeça várias vezes contra a parede. Eu até perdi a consciência”, relata Magda. A terceira agressão ocorreu no início deste mês, também dentro de casa. Segundo Magda, o ex teria agredido ela e, em seguida, chamado a polícia. “Foi ali que eu vi que a situação estava fora do controle. Percebi que eu estava doente”, afirmou.
Magda conta que parou de falar sobre o relacionamento com as pessoas que estavam mais próximas porque ficou com vergonha. "Eu parei de falar sobre o que acontecia. Nem as pessoas que estavam mais próximas desconfiavam. Só ficou eu e ele", contou.
Outro lado Após a denúncia, Victor excluiu a página do Facebook. Pelo chat no Instagram, ele disse ao CORREIO que não estava sendo acusado de agressão. O rapper disse ainda que ia procurar a delegacia local para tomar "medidas cabíveis".
O rapper também disse que alguns dos seus álbuns foram excluídos da internet depois das acusações.
Confira o relato da estudante na íntegra.