Estudante da UFRB ganha Prêmio Destaque em Iniciação Científica e Tecnológica
Aluna de Agronomia, Rebeca Almeida criou um aplicativo para facilitar classificação de espécies
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Da Redação
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Nesta quarta-feira (21) a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) conquistou uma premiação de destaque graças à aluna Rebeca Almeida. A estudante de Agronomia foi a ganhadora da Categoria Bolsista de Iniciação Tecnológica, na área de Ciências da Vida, da 18ª edição do Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica, promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com o trabalho intitulado: “Uso da tecnologia como ferramenta para a identificação de insetos”.
Atribuído anualmente, o prêmio reconhece os bolsistas de iniciação científica e tecnológica que se destacaram durante o ano sob os aspectos de relevância e qualidade do seu relatório final. No caso de Rebeca, ela construiu um software nomeado "The Insects” composto com uma chave dicotômica eletrônica para identificação das principais ordens de insetos presente em cultivos de orquídeas. “O aplicativo poderá ser utilizado na identificação taxonômica de insetos presentes na plantação de orquídeas, contribuindo com informações científicas e tecnológicas de fácil acesso, necessárias para o estudo entomológico”, explica a orientadora Geni da Silva Sodré, mestre e doutora em Entomologia pela Universidade de São Paulo (USP).
Uma chave dicotômica é uma ferramenta utilizada para auxiliar na identificação taxonômica - nível de ordem, família, gênero ou espécie - de animais e plantas. "Essa ferramenta contém características feitas para comparar seu material até chegar no nome científico, e assim, você poderá descobrir formas de controle (no caso de insetos) e toda biologia do inseto (caso não seja uma espécie nova). Porém, normalmente as chaves dicotômicas não contém imagem, alguns termos são muito especificos, não sendo de fácil entendimento e essas chaves normalmente estão disponíveis nos livros ou artigos científicos", esclarece a estudante.
Nesse sentido, a chave dicotômica eletrônica inclusa no aplicativo criado por ela busca trazer as informações científicas já com ilustrações, com uma linguagem acessível aos que queiram identificar um insetos a nível de ordem. Serve tanto para produtores, como para estudantes, professores e profissionais da área. Premiação aconteceu na tarde desta quarta-feira em cerimônia virtual (Foto: Reprodução) A ferramenta permite ainda que programadores desenvolvam aplicativos para o sistema operacional Android, deste modo, está programação é feita utilizando a linguagem de programação Java, podendo ser facilmente instalado em sistemas operacionais Windows, Mac ou Linux. Esse aplicativo tem como principal finalidade auxiliar na identificação taxonômica de insetos coletados em cultivo de orquídeas, sendo uma ferramenta gratuita, para ser utilizada na identificação dos insetos em nível de Ordem.
O aplicativo é composto por um menu contendo diversos botões, os quais direcionam os usuários as telas contendo a chave de identificação taxonômica eletrônica, como coletar e conservar os insetos, principais pragas identificadas nos orquidários analisados, dicas de como combater e controlar estas pragas, referências bibliográficas e a opção sair. Neste momento, o App está em processo de atualização, sendo inseridas informações relevantes, para posteriormente ser validado e publicado na plataforma Play Store.
Segundo a professora Geni, as informações contidas no aplicativo são relevantes para outras culturas. “Muitos insetos têm importância agrícola, causando grandes perdas econômicas, a referida tecnologia pode ser desdobrada para insetos considerados pragas de outras culturas agrícolas de importância econômica”, diz.
Ela destaca que o uso de tecnologia para identificação de insetos associados ao cultivo de orquídeas até o momento era inexistente. “O nosso aplicativo é inovador e traz informações científicas relevantes sobre esses insetos de forma fácil e gratuita”. Ela considera que a conquista da premiação científica dará mais visibilidade a UFRB.
Esse é também o pensamento de Rebeca. "Sinto-me honrada. Para mim, é uma realização como pesquisadora ganhar essa premiação. Esse prêmio representa uma personificação de como a pesquisa é importante e pode mudar a vida dos estudantes, além de proporcionar representação dos alunos oriundos das escolas públicas que sofrem várias negligências no nosso país e trazer mais visibilidade para esse público. Espero também poder estar influenciando outros alunos que futuramente estejam ganhando essa e outras premiações", disse.
Para o Grupo de Pesquisa Insecta, a premiação “mostra que estamos no caminho certo, são quase 30 anos de ensino e pesquisa com grandes conquistas acadêmicas. O Insecta tem como pilar o trabalho em equipe, contribuindo com a formação científica e tecnologia de cada integrante. Outro ponto que levamos em consideração é a interação entre alunos de graduação e pós-graduação. A conquista dessa premiação vem como motivação para que outros alunos engajem-se na pesquisa científica e tecnológica”, destaca a pesquisadora.
O anúncio dos vencedores da premiação aconteceu no dia 9, e a premiação, na tarde da última quarta-feira (20). Como prêmio, Rebeca Almeida leva para casa o valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais), uma bolsa de Mestrado ou Doutorado, no país; e uma passagem aérea e hospedagem para permitir a participação dos agraciados na 73ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a ser realizada em 2021.
Vida estudantil
A jovem iniciou os estudos em zona rural, com dificuldade até para utilizar os meios de transporte e onde, segundo ela, a infraestrutura era precária. "Apesar de toda dificuldade, tive professores muito dedicado que sempre me incentivaram a continuar", diz. Rebeca é moradora de Cruz das Almas e é bolsista PIBIT na UFRB Estudou o ensino médio no Instituto Federal da Bahia – IFBA de Valença, por incentivo dos meus professores. "Estudar no IFBA foi uma evolução na minha vida acadêmica, profissional e pessoal, tive a oportunidade de participar de uma escola com profissionais incríveis e com uma boa infraestrutura, onde tinha acesso à internet, laboratórios, viagem técnicas e entre outros que fizeram a diferença na minha formação, pude permanecer na zona urbana enquanto estudava no IFBA, através do Programa de Assistência e Apoio aos Estudante", relata.
Rebeca Almeida é bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBIT), vinculada ao Grupo de Pesquisa Insecta do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB), em Cruz das Almas, sob a orientação da professora doutora e pesquisadora Geni da Silva Sodré e da co-orientação da doutoranda e bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Ana Catia Santos da Silva.