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Após anúncio da Petrobras, Acelen também reajusta o diesel na Bahia


 

Estatal frisou que valores estavam congelados há 99 dias, mas as bombas já haviam sofrido 17 alterações este ano no estado

  • Gil Santos

Publicado em 17/06/2022 às 14:38:30
Atualizado em 19/05/2023 às 13:55:21

Os preços dos combustíveis foram reajustados de novo. Nesta sexta-feira (17), a Petrobrás anunciou aumento de 5,2% para a gasolina e de 14,2% para o diesel, e informou que o motivo da alteração foi o aumento nos valores dos insumos no mercado internacional. À noite, a refinaria privada que opera na Bahia e fornece combustíveis para o estado também anunciou reajuste de preço, o valor do diesel S10 sobe 6,4% a partir deste sábado, de R$ 5,767 para R$ 6,11. Não houve aumento na gasolina. 

A Petrobras destacou que há 99 dias não reajustava a gasolina, e há 39 dias o diesel. Com o reajuste anunciado nesta sexta-feira, o preço médio de venda de gasolina da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro. Para o diesel, a alteração será de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro. O secretário executivo do sindicato que representa os donos de postos de combustíveis na Bahia (Sindicombustíveis), Marcelo Travassos, explicou as diferenças.

“A refinaria da Bahia é operada por uma empresa privada que faz precificação semanal de acordo com as variações do mercado internacional. Enquanto a Petrobrás é uma empresa estatal que, acredito que por pressões políticas, está fazendo ajustes com menor frequência. O aumento dos preços na Petrobrás pode ser um indício de que também haverá reajuste nos preços praticados pela refinaria baiana, mas isso é especulação, temos que aguardar”, disse.

Procurada, a Acelen, operadora da refinaria baiana de Mataripe, informou que não existe relação de reajustes da empresa com a Petrobrás, e que o aumento nos preços da gasolina e do diesel na estatal não altera o preço do petróleo comprado pela empresa. 

antes do reajuste de ontem, foram 11 reajustes para mais (65%) e seis para menos (35%) na Bahia. O último havia sido no dia 4 de junho. Na semana seguinte, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgou uma pesquisa que mostrou que os baianos pagavam pela gasolina mais cara do Brasil. A média nacional do litro era de R$ 7,247, mas na Bahia o preço médio foi de R$ 7,972, o maior dentre todas as unidades federativas, o que representou uma elevação de 5,21%, na comparação com a semana anterior.

O professor de economia e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon), Alex Gama, explicou que a disparada no preço dos combustíveis afeta a todos, mesmo quem não tem carro, e que o impacto é maior sobre as famílias que sobrevivem com um salário mínimo, atualmente em R$ 1.212.

“O peso do transporte no IPCA é de 20,8%. É o maior peso na cesta de produtos para o cálculo do indicador, uma vez que o frete afeta o mercado de bens e serviços, principalmente os valores dos alimentos. Geralmente uma pessoa que ganha salário mínimo não tem como ter um veículo, fica difícil fazer a projeção [do impacto nessa renda]. Mas pode ser analisado o preço dos combustíveis sobre o IPCA”, afirmou.

Ele acredita que a má fase da economia brasileira vai perdurar e que a inflação vai fechar ao ano acima de 10%, como aconteceu em 2021. Sobre os combustíveis, o conselheiro está pouco otimista. “Se não houver mudanças da política de preços da Petrobrás, a paridade de preços de importações, acredito que em breve a gasolina chegará a valores próximos a R$ 10”, afirmou.

A projeção deixa preocupado principalmente quem precisa diretamente dos combustíveis para trabalhar. O motorista por aplicativo Ivan Andrade, 35 anos, disse que não sabe mais o que fazer. “As corridas não estão mais compensando. A maior parte do dinheiro que a gente faz é para pagar combustível. Para se ter uma ideia, desde o ano passado estou trabalhando de 2h a 3h a mais para conseguir a mesma meta, e ainda assim tem dias em que não consigo atingir. Essa política de preços tem que mudar”, afirmou.  

O presidente da Associação Geral dos Taxistas (AGT), Denis Paim, contou que a categoria tem 7 mil trabalhadores que dependem dos veículos para conseguir pagar as contas e que a alta nos preços dos combustíveis associada a outras dificuldades tem obrigado os profissionais a buscarem atividades complementares.

“A maior despesa dos taxistas é com combustível. Muitos estão tendo que trabalhar mais de 12h para conseguir pagar as contas e mesmo assim estão tendo dificuldade. Temos 7.296 taxistas, mas apenas 2,5 mil trabalham somente nessa atividade, os outros têm algum tipo de ação complementar. Antes, a gente comprava o cilindro do gás de R$ 35 ou R$ 40. Agora, estamos pagando R$ 80 ou R$ 90. Sem falar nas despesas com a manutenção do veículo” contou. A entidade está fazendo uma enquete para saber se a categoria apoia um reajuste no valor da bandeia.

Redução do ICMS  O projeto de lei que fixa o teto de 17% para o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre energia elétrica, combustíveis, telecomunicações e transporte coletivo pode ser sancionado a qualquer momento pelo presidente Jair Bolsonaro. A matéria foi aprovada pela Câmara dos Deputados, em segunda votação, na quarta-feira (16). O texto é uma tentativa do Executivo de segurar os preços dos combustíveis, mas terá um efeito sobre as contas dos estados e municípios.

Segundo a Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz), a Bahia vai perder R$ 5,5 bilhões em arrecadação. A medida terá impacto direto sobre a educação, que deixará de receber R$ 1,03 bilhão anuais, enquanto a saúde perderá R$ 495 milhões e os municípios baianos em torno de R$ 1,4 bilhão, anualmente. Nesta quarta-feira (15), durante a inauguração de uma policlínica no Subúrbio Ferroviário de Salvador, o governador Rui Costa disse que fará um encontro na próxima semana para avaliar a situação.

“Vou marcar uma reunião na semana que vem com todos os poderes, com a Assembleia Legislativa, o Judiciário e o Ministério Público para que os outros poderes também possam ajustar as suas contas. E também os prefeitos. Quero alertar aos deputados que avisem aos seus prefeitos que eles terão redução de R$ 600 milhões na transferência do ICMS, é o corte do governo Bolsonaro”, afirmou.

A Acelen, operadora da Refinaria de Mataripe, informou que vai aguardar a sansão do presidente para depois se manifestar sobre o projeto.

Confira a lista dos reajustes aplicados pela refinaria e por postos de gasolina na Bahia em 2022:Data      Variação   15/jan     1,43%     22/jan     2,25%      05/fev     2,36%    05/mar   18,82%    19/mar   -0,80%    26/mar    3,68%      02/abr     -10,03%   09/abr     -0,95%    16/abr      2,60%   23/abr      0,09%   30/abr      6,68%   7/mai       10,34%  14/mai     -2,3%      21/mai     -2,6%      28/mai     -3,4         3/jun        10%        4/jun         3,2%