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Donaldson Gomes
Publicado em 31 de outubro de 2024 às 10:00
O processo de desenvolvimento do interior passa pela identificação e superação de alguns gargalos. Para especialistas no assunto, as questões relacionadas à infraestrutura estão entre as principais barreiras a serem superadas, num estado que possui dimensões comparáveis às de alguns países.
Segundo o pesquisador e ex-presidente da Associação Comercial da Bahia (ACB), Adary Oliveira, há muito tempo se buscam caminhos para descentralizar a geração de riquezas na Bahia. Ele mesmo já participou de grupos de trabalho para tratar do assunto, lembra.
A administração pública chegou a criar um centro para discutir o desenvolvimento do interior, o Cedin, que deu origem a alguns distritos industriais, como o Subae, em Feira de Santana, em Ilhéus e Vitória da Conquista, entre outros. Para Adary Oliveira, as condições logísticas sempre mantiveram a RMS como uma área mais atrativa.
O pesquisador destaca o potencial baiano para a produção de energia renovável e biocombustíveis, citando como exemplos o projeto Bravo, na região sisaleira, o da Acelen Renováveis, a partir da macaúba, mas recomenda investimentos na requalificação e ampliação da infraestrutura de escoamento da produção.
“É fundamental priorizar uma solução para finalizar a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), que vai nos permitir ter uma ligação eficiente no sentido Oeste-Leste. A Bahia pode ser o ponto Atlântico da ligação bioceânica com o Peru”, diz, em referência ao projeto da Nova Rota da Seda, em estudo na China. Adary Oliveira defende ainda que a Bahia lute pela requalificação da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), principalmente no trecho do Corredor Minas-Bahia, entre Corinto (MG) e Campo Formoso (BA). “Precisamos disso para aproveitar melhor o nosso potencial agrícola e mineral”, diz.
Waldeck Ornelas, ex-senador e especialista em desenvolvimento regional, acredita que a revisão da matriz de infraestrutura do estado é o principal passo para descentralizar o desenvolvimento.
“O nosso desafio é que a matriz de infraestrutura atual é menor que a que existia há 30 anos. Veja o cargo da malha a cargo da FCA e a Hidrovia do São Francisco. Regredimos e não incorporamos nada de novo”, aponta.
Ele acredita que os investimentos prioritários para reverter a situação passam pela conclusão da Fiol e a revitalização da FCA, na área ferroviária.
“Além do resgate, expansão e modernização da infraestrutura, precisamos transformar nossas cidades médias em verdadeiras capitais regionais. As pessoas querem morar em cidades médias, desde que encontrem boas condições para isso”, afirma.
O Projeto Bahia Forte é uma realização do Jornal Correio com patrocínio da Unipar, Neoenergia e Fazenda Progresso, apoio de Wilson Sons e Braskem.