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'Apetite dos produtores' deve impulsionar outra Bahia Farm de recordes


 

Tecnologias apresentadas em feira agrícola ajudam a racionalizar custos

  • Donaldson Gomes

Publicado em 10/06/2024 às 18:25:27

O apetite do produtor rural para novas tecnologias e a busca por redução de custos deverá impulsionar os números da Bahia Farm Show (BFS) este ano, acredita Odacil Ranzi, presidente da Associação Baiana dos Produtores e Irrigantes (Aiba). Segundo ele, se houver crédito suficiente, a principal feira agrícola do Norte e Nordeste, e segunda do tipo no país, deverá registrar um novo movimento recorde de operações.

"Para a Bahia Farm continuar crescendo, o produtor precisa continuar crescendo também. Hoje o que está no nosso horizonte é a redução dos nossos custos, porque o cenário indica que teremos menores receitas", avaliou o produtor rural na cerimônia de abertura da feira agrícola em Luís Eduardo Magalhães. Com as principais commodities agrícolas desvalorizadas, cai a remuneração de quem vive da terra, por isso a necessidade de racionar os custos. "Não há espaços para desperdícios, porque as margens estão apertadas".

Cerimônia de abertura oficial da Bahia Farm Show. Crédito: Divulgação

Em relação ao cenário de preços deprimidos, Ranzi explica que o homem do campo costuma trabalhar olhando sempre para um cenário de médio e longo prazo. "Eu tenho certeza que, olhando para um horizonte de cinco ou dez anos, a evolução do Oeste da Bahia será muito grande porque aqui pregamos as mais altas tecnologias", destacou.

"Em relação ao faturamento, o céu é o limite. O apetite do produtor é muito grande, mas dependemos das condições bancárias. Estamos superando estes números ano após ano, então vamos ser otimistas mais uma vez e pensar numa nova alta", destaca.

Presidente da Bahia Farm Show, Odacil Ranzi espera novos recordes. Crédito: Divulgação

No holofote

Para ele, a segurança jurídica em relação aos processos de regularização fundiária deve ser um dos grandes assuntos da feira.

"Temos um problema de insegurança jurídica com as nossas propriedades, porque o governo está nos exigindo o destaque público imperial", diz, em relação ao registro das propriedades ainda no Século XIX. Ele explica que em 1534, a região Oeste fazia parte da capitania de Pernambuco, numa situação que perdurou até 1824, quando passou a fazer parte de Minas Gerais. Somente em 1827, tornou-se parte da Bahia. "Nós não temos condições de buscar este documento na história, porque mesmo que ele existisse, deveria estar na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, que pegou fogo", afirma.

Segundo ele, os documentos existentes são da Igreja Católica e de inventários de sesmarias, com registros de cadeias sucessórias acima dos 100 anos. "Essa documentação de terras muitas vezes é questionada e queremos discutir isso porque quem nos deu foi um cartório homologado pelo governo, com validade em toda a rede bancária e nos órgãos ambientais", garante.

Odacil Ranzi lembrou que as melhorias no fornecimento de energia, uma das grandes questões no ano passado, está bastante adiantado atualmente. "Nós tivemos um avanço muito bom, significativo com a (Neoenergia) Coelba. Basta dizer que em 45 dias, o presidente da companhia esteve aqui conosco por três vezes, reunido com os agricultores e amanhã estará novamente reunido com a gente, destacou o presidente da Aiba. Para ele, isto indica o reconhecimento da importância que a região tem para a empresa.

"Hoje, energia é um tema superado, porque há um cronograma definido de obras, em que sabemos o que acontecerá nos próximos quatro anos", explicou.

Para o presidente da Aiba, a realização da BFS é motivo de orgulho para a população do Oeste. "Temos orgulho em dizer que a nossa feira é uma das maiores e mais importantes do Brasil e ela se fortalece graças às pessoas. Hoje a Bahia é um dos estados que mais aplicam tecnologia agrícola, contribuindo com 89,9% da produção estadual de grãos e 3,3% do montante nacional", destacou.

Ranzi lembrou das melhorias no complexo da feira, que cresceu em 9%.

Luiz Pradella, coordenador da BFS, lembrou da relevância que a exposição possui para os estados vizinhos. "A feira está completando a sua maioridade, uma feira que nasceu pequenininha e vem se consolidando cada vez mais", disse. "A BFS tem expressiva representação nacional e até internacional, mas é fundamental principalmente para a região do Matopiba (formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), por tudo o que gera para estes importantes estados produtores", lembrou.

Abertura oficial

A Bahia Farm Show foi oficialmente aberta nesta segunda-feira (dia 10) com a presença de autoridades e representantes do poder público e do setor produtivo. Nos próximos cinco dias, de 11 a 15 de junho, a feira agrícola vai apresentar em um só local o que há de mais moderno em tecnologia agrícola.

A previsão é atrair um público de 100 mil pessoas, que vão conferir mais de mil marcas de 434 empresas expositoras distribuídas em uma área de 262 mil metros quadrados. Considerada uma das maiores feiras agrícolas do Brasil, sendo a maior do Norte-Nordeste, a Bahia Farm terá como grande atrativo os incentivos de crédito e juros facilitar que vão fomentar o fechamento de bons negócios na aquisição de máquinas, veículos e implementos agrícolas, irrigação, drones, aviação agrícola, softwares, estruturas como silos e armazéns, dentre outros.

Representando o Governo do Estado, o secretário de agricultura, Wallison Tum, parabenizou os produtores rurais pela organização e pela consolidação da feira que tanto contribuiu para o desenvolvimento socioeconômico da Bahia. “Temos um potencial enorme de ser o maior celeiro do mundo e sabemos que isso envolve políticas públicas. Estamos empenhados em apoiar as condições necessárias para que os agricultores possam continuar produzindo e apoiando o desenvolvimento do estado”, disse.

Ao reforçar sobre a importância do tema deste ano “A Herança do Agro”, o prefeito de Luís Eduardo Magalhães, Junior Marabá, reforçou sobre os esforços em educação para que as futuras gerações continuem progredindo, como tem feito o setor agrícola, já preocupado com a sucessão familiar e a continuidade do desenvolvimento do setor agrícola.

A solenidade de abertura da feira foi marcada pela homenagem ao produtor rural Hélio Hopp foi o grande homenageado da cerimônia pela contribuição no desenvolvimento do agronegócio regional pelo trabalho desenvolvido junto à diretoria da Aiba em projetos estratégicos para o setor agrícola. Hélio é natural de Passo Fundo (RS) e chegou na Bahia em 1978, onde participou ativamente do desenvolvimento do Oeste baiano, contribuindo através de seu trabalho, conhecimento e dedicação. Depois da solenidade, os produtores rurais inauguraram um painel com a lista dos produtores rurais já homenageados nas edições da Bahia Farm Show.

O projeto de conteúdo da Bahia Farm Show é uma realização do Jornal CORREIO com o patrocínio da AIBA.