Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Priscila Natividade
Publicado em 8 de setembro de 2024 às 05:00
Uma lista de regras inegociáveis, o padrão de qualidade. Cada segundo importa, cada detalhe importa. Perfeito significa perfeito. Em meio a uma sequência colorida, sonora e acelerada de imagens de comida, toda aquela ebulição vai crescendo na panela de pressão prestes a explodir. A terceira temporada de O Urso (The Bear, 2002/ 2024) chegou há um pouco mais de um mês no Disney+ e continua a chamar atenção e conquistar a admiração de quem assiste e a gente vai mostrar o porquê.
No turbilhão do caos, da desordem, do estresse e da ansiedade da cozinha de um restaurante, O Urso é também sobre o ambiente de trabalho disfuncional, as relações humanas e as transformações do negócio e de si mesmo. Não é por um acaso que a produção, criada e dirigida por Christopher Storer, lidera as principais indicações do Emmy 2024, premiação internacional mais importante da televisão, que acontece no próximo dia 15 de setembro (domingo). Só para se ter uma ideia do peso disso, em 76 anos de história do Emmy, a série de 28 episódios alcançou o recorde de 23 indicações em uma só edição para uma série de comédia.
À primeira vista, a história de O Urso acompanha o chef Carmen Berzatto – o próprio 'the bear', na verdade - vivido por Jeremy Allen White, que sai de um dos restaurantes de alta gastronomia mais premiados do mundo para assumir uma lanchonete de Chicago, herdada do irmão mais velho. A ‘Original Beef of Chicagoland’ tem cano estourado, está parada no tempo e afundada em dívidas. Com uma equipe extremamente diversa e exposta a um ritmo frenético de mudanças, O Urso tem muito a ensinar para quem trabalha diariamente sobre pressão, como afirma a especialista em Desenvolvimento Pessoal e Carreira, Tainá Ribeiro.
“A complexidade que cada um dos personagens carrega, a trama emocional e a maneira como aborda temas universais como estresse, aprender com os erros, responsabilidade, amadurecimento e crescimento pessoal, reabrem debates sobre o quanto estamos expostos e a que condições damos o nosso melhor a cada dia”.
Há uma luta contínua para manter padrões elevados do restaurante e, a quase que, ao mesmo tempo, lidar com questões pessoais e profissionais. Para o professor e consultor de desenvolvimento organizacional, Paulo Monteiro, quando tensionamos, ampliamos. Sair do já conhecido, aprender com os erros, somar as diferenças, desconstruir para depois reconstruir. “Esticamos a corda, saímos do estado de confortável. A pressão oprime, encolhe. Vejo como muitos líderes formais confundiram motivação com pressão, controle, agressividade. Mas não é dessa forma que funciona. Precisamos olhar de outra maneira para a motivação, ajustar nossos paradigmas”.
Paulo Monteiro
professor e consultor de desenvolvimento organizacionalCom a quarta temporada confirmada para o início de 2025, O Urso já tinha se consagrado no ano passado como uma das grandes vencedoras do Emmy, conquistando seis estatuetas. Doutora em Comunicação Social pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais (PPGCOM/UFMG), Kellen Xavier, recomenda aceitar o convite que a série faz, quando compartilha das emoções dos personagens. Existe uma torcida genuína, ainda que a gente seja capaz de se irritar, se frustrar ou comemorar uma vitória cotidiana no próximo episódio.
“The Bear é uma série instigante e pouco óbvia. É muito interessante quando uma obra nos convida a explorar a interioridade desses personagens para conhecê-los. Nos relacionamos todos os dias com as pessoas sem saber como é estar 'na pele' delas. A ficção permite que nos tornemos pessoas mais empáticas à medida que nosso ponto de vista se desloque e vejamos por diferentes ângulos uma mesma situação”.
Kellen Xavier
Doutora em Comunicação Social pelo PPGCOM/UFMGNo elenco, além de Jeremy Allen White, as atuações de Ayo Edebiri, Ebon Moss-Bachrach, Lionel Boyce, Liza Colón-Zayas, Abby Elliott também colocam a série em um lugar diferenciado na avaliação da crítica especializada. Um dos outros marcos de O Urso está na mistura da comédia com o drama, como comenta a professora da Universidade Paulista (UNIP) e coordenadora do Grupo de Estudos de Análise de Produtos Audiovisuais, Clarice Greco. Não há também um maniqueísmo de quem é totalmente bom ou ruim. O desenho das narrativas, dos personagens, a paisagem sonora, a dramédia são as principais inovações.
“Esse misto de gênero, o híbrido de comédia e drama é algo muito incomum desde as séries mais antigas e sitcoms como Friends, por exemplo. As histórias vão aparecendo aos poucos, um novelo que vai se desvelando. Toda a discussão sobre a exploração de trabalho, empreendedorismo, a toxicidade, as dificuldades, a relação funcionário e chefe trazem essa metáfora que deixa a série muito especial”, completa.
Disney +
. Abott Elementary
. Only Murders In The Building
. Reservation Dogs
. Xógum
Max
. Hacks
. Idade Dourada
. The Lakers
. True Detective: Night Country
Prime
. Fallout
. Sr. e Sra. Smith
. Fargo
Netflix
. The Crown
. Bebê Rena
. Griselda
Apple TV
. The Morning Show
. Slow Horses