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Formatos vão conviver, mas livro físico será mais vendido, diz presidente da Câmara Brasileira do Livro


 

Sevani Matos fala sobre ascensão de e-books e audiolivros

  • Carolina Cerqueira

Salvador
Publicado em 15/09/2024 às 11:00:45
Sevani Matos é presidente da CBL, responsável pela Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Crédito: Elisangela Borges/Divulgação

O mercado de audiolivros já é consolidado em países como Estados Unidos e aqui no Brasil começa a crescer depois da onda de sucesso dos podcasts. A pesquisa Nielsen BookData, da Câmara Brasileira do Livro (CBL) com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), mostra que, de 2019 para 2023, as vendas de e-books e audiolivros cresceram 81%. A evolução do faturamento desses dois setores foi de 38%.

Diante do cenário, para a presidente da CBL, Sevani Matos, todos os formatos de consumo de literatura devem conviver, mas ela acredita que os livros físicos ainda devem continuar como os mais vendidos, sem negar que as gerações mais novas estão levantando novas tendências. 

Confira a entrevista abaixo: 

Vemos uma multiplicidade de formatos para consumo de literatura agora. O que podemos projetar para o futuro?

Essa multiplicidade é importante e acredito que todos os formatos vão conviver, mas que o livro físico ainda será vendido em maior volume porque muita gente gosta de ter em mãos, manusear. Mas, para as novas gerações que já nascem com as telas nas mãos, os e-books são os queridinhos. Já para os audiolivros eu destaco a inclusão, porque permite o acesso a pessoas de baixa visão ou que não têm visão. A questão da Inteligência Artificial está sendo bastante discutida e a CBL trabalha e busca junto ao Governo uma regulação no mercado editorial porque é importante proteger o direito autoral dos profissionais que participam da feitura das obras.

No cenário do mercado literário, também observamos o TikTok como agente atuante, gerando até viralização de títulos, como recentemente aconteceu com Memórias Póstumas de Brás Cubas. Você aprova esse movimento?

O TikTok é um canal excelente de divulgação de literatura. Vemos jovens que, ao fazerem vídeos sobre as obras, estão fazendo outros jovens terem contato com elas, jovens que talvez não tenham hábito ou até mesmo oportunidade de leitura. Então, esse movimento no TikTok é uma forma de estimular outras pessoas a conhecerem autores e títulos diversos e se interessarem por eles.

Qual o diferencial da Bienal Internacional do Livro de São Paulo em 2024?

Nesta edição, estamos valorizando, acima de tudo, autores e autoras brasileiras. São mais de 700 autores ao todo, sendo 683 nacionais, em 10 dias de programação. Vamos desde os mais consagrados até os contemporâneos, proporcionando a oportunidade de encontro entre autores e leitores. Há uma grande agenda literária de eventos dentro da Bienal e, este ano, ampliamos os espaços para eles, colocando 13 ao todo, que somam duas mil horas de programação especial. A expectativa é receber 600 mil visitantes e temos dias de ingressos esgotados.

O sucesso do evento mostra que as pessoas ainda leem. Quem são esses leitores?

O público leitor é de todas as idades. Na Bienal, vemos pais com carrinhos de bebês e pessoas na melhor idade. O que eu gosto de ver são as crianças e os adolescentes. Alguns vêm pela primeira vez, descobrindo o mundo mágico dos livros, enquanto outros já têm o hábito e vêm atrás das novidades, dos lançamentos e dos encontros com seus autores preferidos. Mas é importante dizermos que temos literatura para todos os gostos.