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A noite baiana do Rei Roberto Carlos


 

Apresentação em Feira de Santana teve desfile de clássicos, emoções intensas e declarações de amor de fãs apaixonados

  • Tharsila Prates

Publicado em 27/07/2024 às 05:00:00
Astro de 83 anos se apresentou em Vitória da Conquista dois dias antes. Crédito: Laécio Lacerda_Gente Propaganda/ Divulgação

Senhoras e senhores, Rooooobeeeerto Caaarlos! Quantas vezes essa frase já foi dita? Posso garantir, no entanto, que a emoção é a mesma. Juro. Uma alegria ver um dos maiores nomes da música brasileira, latina (planetária) aparecer no palco, vestido de branco, com um botão da camisa aberto, cordão no pescoço, batendo palmas e... “Que prazer rever vocês!” Dizemos o mesmo.

Depois de 7 anos do último show, o Rei esteve em Feira de Santana, dois dias após se apresentar também em Vitória da Conquista, no sudoeste do estado. Uma noite de gala - muitas mulheres vestiram longo e se equilibraram em sapatos de salto fino. Uma noite fria - por volta das 23h30, quando o sonho acabou, a temperatura era de apenas 19°C. Perfeita se fosse lua cheia, mas em 20 de julho ainda era gibosa crescente. 

A Arena Cajueiro, de capacidade para 7 mil pessoas, ficou com alguns lugares vagos, com exceção da parte mais cara, que teve ingressos a R$ 860 (inteira). Tudo para ficar pertinho do astro, de 83 anos, que retribuiu com muitos sorrisos, simpatia, conversa com a plateia e as indefectíveis rosas brancas e vermelhas. Jogos de luz e som de altíssima qualidade no desfile do conhecido e prazeroso repertório do show Eu Ofereço Flores - título do mais recente EP do cantor e canção que é uma homenagem aos fãs.

Não faltaram Emoções, Como Vai Você, Detalhes, Outra vez, O Calhambeque, O Cadillac, Como é Grande o Meu Amor por Você... Em Mulher de 40, ele lembrou que fez a música após uma moça bater no vidro do carro em que ele estava e pedir: “Faz uma música para as mulheres de 40 anos”. “Mas você não parece que tem 40...”, o Rei respondeu. Enfim, pedido atendido, sucesso nacional, e a homenagem é para todas as idades, diz ele.

Na hora de Cavalgada, a iluminação veio junto: forte, vibrante, alaranjada, terminando com o nascer do sol no telão. A impressão foi de que as estrelas mudaram de lugar, chegaram mais perto só pra ver.

Para cantar Lady Laura, o filho amado, que também já perdeu dois dos quatro filhos - Ana Paula Rossi e o produtor cultural Dudu Braga -, explica que compôs a canção “com a maior alegria e amor” do mundo e que hoje “a alegria em cantá-la é zero, mas o amor é ainda maior”. A mãe de Roberto Carlos morreu em 2010, aos 96 anos.

Eu já estava ansiosa na arquibancada quando, finalmente, ele começa Esse Cara Sou Eu, descrevendo o de sempre: “Essa música eu fiz falando do cara que toda mulher gostaria de ter”. E depois emendou: “Levei muitos anos para fazer essa música. Cinco, seis, sete anos. Mas também [falo] do cara que todo homem gostaria de ser. O cara que EU tento ser. Mas eu chego lá, tenham paciência que eu ainda tenho chances”, brincou. 

As duas horas de apresentação foram um presente especial para a mãe do escritor e influencer Edgard Abbehusen, que a levou de surpresa. Dona Marlene pensou que iria a um culto - ela é evangélica (o cantor, católico praticante) - e só descobriu que era o show na hora de entrar.

Edgard, com a esposa, Jessica, e a mãe, Marlene. Crédito: Acervo pessoal

Foi também um momento importante para a companheira dele, Jessica: “Assistir de perto ao show de Roberto Carlos foi uma experiência emocionante. Roberto é um artista que consegue, através de suas músicas, tocar na alma da gente. Suas canções eternizaram a saudade de sua mãe, Lady Laura, e falam com sensibilidade sobre amores que terminaram, mas permanecem vivos em nossos corações. Ele marcou uma geração. Isso é bonito demais.”

“Compartilhar essa experiência ao lado dessas duas mulheres tão especiais para mim foi bacana. Ouvi-las cantar com Roberto, sentir a energia do show e ver a felicidade no rosto delas fez tudo valer a pena”, relembrou Edgard, colunista do CORREIO.

Da arquibancada, Edgard clicou o cantor. Crédito: Acervo pessoal

As amigas Regina Célia Araújo e Rosemeire Ferreira da Silva igualmente se derramaram. Sentaram nas primeiras fileiras, viram de pertinho - Regina arrematou  duas flores, porque uma só é pouco -, cantaram e bordaram. “A gente sente o carinho e o olhar dele para o público. É muito especial. Foi um momento único. Nunca mais vou esquecer”, comentou Rose, que cresceu ouvindo as músicas de Roberto Carlos.

“Ver tão de perto o carinho e a emoção com que ele canta as músicas não tem palavra que descreva. As músicas dele são poesia. Encantam. Preenchem o coração e a alma”, afirmou Regina. As duas estavam no estádio Joia da Princesa no show de 2017.

Ainda segundo Regina, a sensação após o show era a de que ela seria feliz para o resto da vida. Faço minhas as palavras dela. “É o maior cantor do mundo.”