A palavra é: solidariedade
Por Dom Murilo Krieger
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Da Redação
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Em tempos de Coronavírus, estamos redescobrindo o sentido de algumas palavras – por exemplo, o da palavra “solidariedade”. O que ela significa, todos conhecem: estamos nos referindo ao sentimento de identificação em relação ao sofrimento de outros; à consciência da responsabilidade recíproca; ao ato de ajudarmos pessoas desamparadas; a gestos de bondade e compreensão com o próximo; à união de propósitos entre os membros de um grupo etc.
O projeto “Salvador unida” é uma expressão do sentimento de solidariedade da sociedade soteropolitana. Nasceu de forma simples – como simples nasceram grandes iniciativas que transformaram a vida humana. Surgiu como fruto de uma inquietação: como viverão, em tempos de Coronavírus – isto é, de isolamento das pessoas -, aqueles que têm mais de sessenta anos e são barraqueiros de praia? Assim, outros projetos poderão e deverão nascer nos bairros, para que outros grupos sejam assistidos. Afinal, como viverá aquela senhora que vivia sentada na calçada da Leovigildo Filgueiras vendendo frutas? E aquele vendedor de cocada, que cruzava os caminhos de quem mora no Terreiro de Jesus? E aquele sorveteiro da Vila Canária, e aquela vendedora de fitinhas do Bonfim, e aquele jovem que vendia água mineral em Pau da Lima? Enfim, como viverão os ambulantes e os trabalhadores informais?
Esses irmãos e irmãs, mesmo depois de ouvir mil vezes a ordem: “Fique em casa!”, poderão ficar em suas casas? Viverão como? Viverão de quê?
Em momentos como este, destacam-se dois grupos opostos. Em primeiro lugar, vemos que surge um que busca tirar vantagem da situação, perguntando-se como ter algum lucro diante das necessidades dos demais. O segundo grupo é formado por aqueles que buscam respostas criativas para ajudar os necessitados, pois sentem como suas a dor e as carências dos demais. Deixo o primeiro grupo de lado e concentro-me no segundo que, felizmente, é mais numeroso.
Nosso carinho pelos necessitados pode ser expresso através de três verbos: ver, compadecer-se e cuidar. Como não nos lembrar, logo, das lições deixadas por Santa Dulce dos Pobres? Há muitas pessoas que estão precisando de nós neste preciso momento, mas é preciso vê-las e identificá-las; compadecer-se delas significará descobrir mil modos de ajudá-las; cuidar de suas necessidades será demonstrar que são muitas as possibilidades de ser um Bom Samaritano hoje.
Mãos às obras. Os necessitados têm pressa. Unidos, construiremos uma Salvador que seja de todos e para todos.
Dom Murilo Krieger é administrador apostólico da Arquidiocese de Salvador.