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Conheça 4 iniciativas culturais engajadas com a transformação social


 

Conexão entre cultura e sociedade na perspectiva de futuro será tema do Agenda Bahia 2023

  • Mari Leal

Publicado em 07/08/2023 às 06:01:23
A Casa Mulher com a Palavra pautou temas essenciais do feminismo negro. Crédito: Zeza Maria/Divulgação

As expressões culturais, sejam elas materiais ou imateriais, são carregadas de identidade, pertencimento, saberes ancestrais e coletivos, intrinsecamente ligadas aos modos de vida. Não o bastante, tem crescido também o número de iniciativas que já nascem conectadas com causas e temas centrais à vida contemporânea, como a diversidade racial, preservação ambiental e a subjetividade humana e suas demandas.

Criada há seis anos, a Maré Produções Culturais, empresa baiana com atuação em todo o Brasil, é um exemplo desse cenário ao dar a vida a “projetos que trabalham a cultura como elemento transformador e com foco na promoção da diversidade, inclusão e cidadania”. No portfólio da empresa tem ações como a Casa Mulher com a Palavra - que aconteceu no mês passado - e o palco Donas do Som, no Carnaval.

“Eu considero a Maré esse palco de experiências de negócios em cultura, e a gente trabalha esse campo da inovação, diversidade, entretenimento”, explica Fernanda Bezerra, sócia da empresa. “Todos os nossos projetos visamos trabalhar com algum tipo de legado, mas não quer dizer que também não possa fazer projetos de entretenimento, mas um entretenimento com propósito, de forma democrática. A forma de fazer é o que muda tudo”, reflete Fernanda.

Ela enumera questões importantes como a preocupação com questões de mobilidade, políticas de inclusão para pessoas trans e PCDs, por exemplo, ou a preocupação em dar destino aos resíduos de um evento.

Ancestralidade

Para o maestro Ubiratan Marques, que está à frente da Orquestra Afrosinfônica da Bahia, o termo cultura convoca o “cultivar” e é este o principal propósito da instituição, cultivar as sonoridades e princípios da música brasileira. “O princípio da música brasileira é a música de matriz africana, a música de matriz africana é que sustenta tudo isso. O princípio de tudo é o tambor”, afirma.

Orquestra Afrosinfônica reverencia a musicalidade afro-brasileira. Crédito: Jardel Souza

E acrescenta: “Os terreiros são os guardiões da música brasileira. A história do samba é sustentada pela música de matriz africana, o choro, o rock brasileiro da mesma forma. O que a gente está fazendo é voltar ao lugar de origem para que a memória não morra”.

Em julho passado, a Casa da Ponte, organização que abriga a Orquestra Afrosinfônica e o Núcleo Moderno de Música, deu início ao projeto sociocultural e educativo de formação musical Ponte Para a Comunidade – Orquestras Afrobaianas. O projeto tem parceria com oito entidades culturais afro-brasileiras - Afoxé Filhos de Gandhy, Ilê Aiyê, Olodum, Malê Debalê, Banda Didá, Cortejo Afro, Grupo Étnico Cultural (Bairro da Paz) e Pracatum. A proposta é formar, inicialmente, 1,3 mil jovens a partir de 16 anos até idosos de Salvador, em oito polos de ensino de música.

O Afoxé Kambalagwanze é uma organização carnavalesca composta só por mulheres negras. Crédito: Divulgação

A força da ancestralidade negra também é o motor da existência do Afoxé Kambalagwanze. Criado em 1885, quando as casas de axé eram proibidas de funcionar, o afoxé tem já na fundação as marcas da resistência religiosa, política e social. Atualmente, além de ser um dos principais blocos negros a desfilar no Carnaval de Salvador, realiza durante todo o ano uma série de ações voltadas à educação, formação política, profissional e cidadã de mulheres negras.

“Prevejo um longo caminho a ser percorrido pelas futuras gerações na busca da manutenção, valorização e crescimento dessa cultura ancestral em que seus mestres, através da linha do tempo, deixaram seus legados para os fazedores atuais”, destaca Iracema Neves, presidente da organização.

“Salvador tem a cultura negra como base para o desenvolvimento turístico, que utiliza nossa imagem e cultura trazida dos povos escravizados, mas não investe na valorização, manutenção e desenvolvimento, tendo somente o Carnaval como plataforma de exibição”, completa Iracema, ao defender mais investimento público no setor.

Potencialidades

Os objetivos de preservar, organizar, pesquisar e divulgar a obra do fotógrafo, antropólogo e escritor franco-brasileiro Pierre Verger foram ampliados há cerca de 20 anos dentre os trabalhos da fundação que leva seu nome, mantendo um trabalho prático de integração com a comunidade local. A Fundação Pierre Verger funciona no Engenho Velho de Brotas, no mesmo local onde Verger viveu por muitos anos na capital baiana.

“É um trabalho de desabrochar potencialidades. Um processo de autodescoberta de possibilidades, entendendo que a arte e cultura são um aspecto fundamental no desenvolvimento do ser humano”, observa Angela Lühning, idealizado do espaço cultural e diretora da Fundação.

O espaço promove uma série de oficinas educacionais, no campo das tecnologias, além de atividades esportivas, artísticas, de formação cidadã, cursos profissionalizantes, entre outras, para crianças, jovens, adultos e idosos.

Fundação Pierre Verger promove atividades formativas . Crédito: Cecília Baradel

A conexão entre as ações culturais e as questões sociais é um dos pontos do Agenda Bahia 2023, uma realização do CORREIO, que acontece dia 11 de agosto. 

O Agenda Bahia 2023 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Unipar, apoio institucional da Prefeitura de Salvador, FIEB, Sebrae e Rede Bahia, apoio da Wilson Sons, Salvador Bahia Airport, Suzano, Sotero, Solví, Salvador Shopping Online, Deloitte e 4events e parceria da Braskem, Rede+ e Latitude 13 Cafés.