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Ouro, colares e passarela: como bijuterias ajudam baiana a conviver com o TDAH e empreender na moda


 

Há 10 edições a marca By Aninha, de Ana Paula Pereira, produz peças criativas e marcantes para o AFD

  • Luiza Gonçalves

Salvador
Publicado em 25/10/2024 às 10:00:00
Ouro, colares e passarela: como bijuterias ajudam baiana a conviver com o TDAH e empreender na moda. Crédito: CORREIO/Gabriel Cerqueira

A paixão de Ana Paula Pereira, conhecida por Aninha, pelos acessórios transformou um bico em atuação profissional. Recém-formada em Relações Públicas, ela decidiu ingressar no curso de moda e, contrariamente aos colegas que se debruçaram sobre as roupas, ela se encantou pelos adornos. “Começou com um colar, que a mãe de uma amiga tinha comprado e ela gostou e queria reproduzir. Aí eu falei que tentaria fazer. Ele tinha um coração pequeno bordadinho e a partir dali eu meio que me identifiquei com aquela peça”, relembra.

Aninha encontrou nos acessórios uma forma de expressar sua criatividade de maneira dinâmica e alinhada às suas necessidades. “Eu não me via tendo que costurar, fazendo a modelagem para desenvolver a roupa e, assim, eu sou neurodivergente, eu tenho TDAH. Então eu preciso de coisas mais dinâmicas. O acessório me dá essa possibilidade de eu produzir mais em menos tempo, sabe? E rabiscar, começar uma peça, parar, dar seguimento a outra", compartilha.

Veja o mini-doc completo sobre a By Aninha: 

Há cerca de 18 anos, surge a marca By Aninha com peças delicadas, pérolas, laços e corações. Com o passar do tempo, os acessórios começaram a variar em tamanho, materiais e estilos, seguindo para feiras de moda e lojas colaborativas em shoppings de Salvador. Criativa e determinada, Aninha chega ao Afro Fashion Day em sua primeira edição, o que para a criadora de moda representou um grande desafio à primeira vista: “Eu nunca tinha participado de um desfile, nunca tinha feito peças para desfile então para mim realmente foi uma coisa meio que no escuro, apesar da minha capacidade de produção ser grande na época, por conta das feiras”, revela.

Com o passar das edições, Aninha foi orientando o seu fazer a partir do desfile, explorando novos materiais como madeira, contas e metais, e adequando o tamanho das peças para um maior impacto visual na passarela. “O Afro meio que guiou a minha trajetória profissional. Eu nunca deixei de produzir para o Afro, ele foi como se fosse um combustível para a marca existir em determinado momento de minha vida”, enfatiza. Uma das mudanças destacadas por Ana durante sua trajetória no evento foi quando começou a fazer um curso de ourives em 2020, permitindo que ela criasse designs e produzisse acessórios do zero, explorando novas matérias-primas como alumínio e latão: “Me deu a coragem necessária para fazer algo novo. Era um processo mais demorado. Tinha que cortar, serrar, procurar materiais. Mas as peças atingiram o objetivo. Foi uma realização muito grande para mim. Eu realmente me achei”, conta emocionada.

O Afro Fashion Day carrega um significado profundo para Aninha, que destaca sua importância como espaço de representatividade e visibilidade. Além disso, a criadora ressalta o aspecto de união e apoio mútuo que o evento promove entre criadores e estilistas. "O Afro trouxe à tona esses criadores negros e eu percebo que tem uma união muito grande, a possibilidade da gente fortalecer o trabalho um do outro, promove uma conexão que é importante realmente para nos expandirmos", afirma.

Mini docs Afro Fashion Day:

Editor de Mídia e Estratégia Digital: Jorge Gauthier

Estagiária de cultura: Luiza Gonçalves

Equipe de mídias: Eduardo Bastos, Arthur Leal e Gabriel Cerqueira

O Afro Fashion Day é um projeto do jornal Correio com patrocínio da Avon e Bracell, apoio CAIXA, Shopping Barra, Salvador Bahia Airport e Wilson Sons e apoio institucional do Sebrae