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Por trás do algodão: saiba porque a fibra baiana é tão pura e desejada

Clima favorável e investimentos intensivos em tecnologia formam equação que está conquistando mercados ao redor do mundo

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Foto do(a) author(a) Donaldson Gomes
  • Larissa Almeida

  • Donaldson Gomes

Publicado em 18 de setembro de 2024 às 16:13

Bahia se destaca pela qualidade do algodão produzido Crédito: Shutterstock

Ao sentir na mão a maciez e a consistência de uma pluma de algodão, poucos são os indícios do caminho percorrido pela fibra até chegar àquele estágio. Todas as dicas, no entanto, podem ser obtidas durante uma visita ao Oeste da Bahia, mais especificamente ao município de Luís Eduardo Magalhães, que concentra grande parte do cultivo que coloca o estado como o segundo maior cotonicultor do Brasil. É lá também onde são desenvolvidos processos tecnológicos e de inspeção que fazem do algodão baiano um dos mais puros e conceituados do mundo, com 90% da fibra de alta qualidade.

O segredo para a pureza, que pode ser notada pela intensidade da cor ou pela textura agradável ao tato, começa por aquilo que os olhos não precisam sequer ver para perceber. O ar seco entre os meses de maio e outubro, que desafiam a saúde humana, e a umidade do tempo chuvoso no restante do ano formam a equação de sucesso do ponto de vista climático. Salvas raríssimas exceções, os produtores conseguem prever quando terão chuvas para hidratar as plantas e poderão contar com o tempo seco, necessário para garantir o branco característico das plumas no Cerrado baiano.

Projetos e Ações Abapa algodão
Algodão baiano é referência no mundo Crédito: Abapa/Divulgação

“Uma característica da fibra do algodão da Bahia é sua cor e brilho, que se destacam muito em relação a outras áreas que produzem algodão porque nosso clima é diferente. Temos mais luminosidade, o que faz com que a planta tenha mais fotossíntese e consiga ter essa característica de cor mais branca. A fotossíntese, inclusive, aumenta nossa produtividade”, aponta Sérgio Alberto Brentano, gerente do Centro de Análise de Fibras da Abapa.

Sob o céu sem chuvas e com bastante irradiação solar, a última safra rendeu 595,9 mil toneladas de algodão e 1,907 kg por hectare de pluma, em 312,6 mil ha de terra plantada em todo o estado. Neste ano, a expectativa é de que a safra 2023/2024 seja capaz de produzir 662,8 mil toneladas do produto em 345,4 mil hectares e gere 1,919 kg/ha em pluma. Para que isso aconteça, é necessário que haja um manejo adequado da produção, o que inclui cuidados antes, durante e pós-plantio.

Nascido com o intuito de reverter o prejuízo causado pelo bicudo-do-algodoeiro à cotonicultura baiana, o Programa Fitossanitário da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) atua de maneira a antecipar a ação de pragas e a orientar o trato correto com o plantio. “Nós visitamos as fazendas para que o produtor não seja pego de surpresa por um problema. Orientamos quanto ao manejo de praga e quanto ao transporte do algodão para que não haja desperdício de pluma ou caroço nas margens das rodovias. Também trabalhamos junto à Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) com emergências fitossanitárias, repassando para toda a cadeia do agro as recomendações necessárias”, pontua Antônio Carlos Araújo, gerente do programa.

É seguindo essas orientações que a Fazenda Agro Basso, em Luís Eduardo Magalhães, garante a qualidade do algodão produzido em seus limites desde 2004. Segundo Murilo Lunardo, diretor comercial do Grupo Agro Basso, o manejo do algodão é parte fundamental nesse processo. “Fazemos o manejo de ervas-daninhas porque há algumas culturas que contaminam bastante e fazem com que a pluma perca a qualidade, como o picão preto (Bidens pilosa) e capim carrapicho (Cenchrus echinatus). Fazemos também o manejo de herbicidas e rotação de cultura, que reduz a germinação dessas daninhas”, diz.

“Outras situações que são bastante importantes para a qualidade do algodão é o manejo nutricional, visto que a qualidade da fibra vai estar ligada à qualidade dos nutrientes do algodão em si, e também o manejo contra pragas e doenças, que fazemos com fungicidas biológicos e químicos”, completa.

Na Fazenda Orquídea, do Grupo Schmidt Agrícola, no município de Barreiras – a 93 km de Luís Eduardo Magalhães –, além da precaução contra pragas e cuidado com a saúde do solo, a produção conta com trabalho genético para melhoria da qualidade. Para este ano, o plantio em 9,8 mil hectares de terra tem expectativa de produzir mais de 325 arrobas de produto puro. “Nós vamos a campo, fazemos um trabalho e escolhemos as melhores plantas. Depois, multiplicamos essas plantas e cuidamos sempre da qualidade delas. Isso acontece todos os anos”, frisa Paulo Schimidt, um dos proprietários do local.

Contribuição tecnológica

Ao fim do período de plantio, o desafio de manutenção da qualidade do algodão baiano exige o aumento de cuidados refinados que, na maior parte dos países que produzem a commodity ao redor do mundo, se desdobra em esforço manual. Na Bahia, por outro lado, o cenário é diferente graças ao uso de tecnologias de ponta, como sinaliza Luiz Carlos Bergamaschi, presidente da Abapa. “O clima e a tecnologia são os pilares da pureza do algodão. A tecnologia está presente no combate às pragas e no processo de beneficiamento. Isso acontece porque todo o processo da cadeia tem que ser cuidado”, ressalta.

Durante o tempo de colheita, normalmente compreendido entre os meses de março e julho, o algodão é retirado do capulho – isto é, a casca espinhosa que lembra o formato de uma flor – pelas mais avançadas colheitadeiras do segmento, avaliadas em R$ 1,2 milhão. Em Luís Eduardo Magalhães, após ser colhida, a fibra é levada até a Algodoeira Zanotto Cotton, onde passa pelo processo de separação do caroço, que é feita pelo descaroçador. Em seguida, o algodão é encaminhado para um maquinário que o prensa já no formato necessário para ser colocado no fardo.

Cada fardo de algodão recebe uma etiqueta de identificação. Antes de ser ensacado, é retirada uma amostra da fibra, que na sequência é encaminhada para o Centro de Análise de Fibras da Abapa, que abriga o maior laboratório do tipo na América Latina e conta com 14 equipamentos HVI (Instrumento de Alto Volume), capazes de fazer até 30 mil análises por dia. É lá que o algodão é preparado de acordo com as normativas. Entre as principais, está o padrão de umidade. Geralmente, o algodão concentra até 5% de umidade e precisa passar pelo processo de climatização para ficar dentro dos indicadores recomendados, que variam entre 6,7% e 8,2%.

No Centro de Análise, a fibra tem computada sua espessura, comprimento, resistência, cor e uniformidade, características que são vinculadas à etiqueta do fardo junto a outras informações inerentes ao produto desde o plantio. Essa etapa, segundo o gerente do Centro, é indispensável para haver segurança quanto a qualidade do algodão produzido na região.

“Quando fazemos a análise da fibra, conseguimos analisar a qualidade dela e, com essa informação, a indústria têxtil consegue determinar qual é o fio e o tecido que podem ser produzidos. Nesse caso, pode ter fibra para produzir fios para camisaria, que tem bastante valor agregado e exigência em termos de qualidade de fibra, como também pode ter fibra para produzir um tecido de pano de chão, que não é tão exigente em termos de qualidade”, esclarece Sérgio Alberto Brentano.

Alexandre Pedro Schenkel, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), destaca a importância dos investimentos em pesquisa para a transformação da cotonicultura no Brasil.

"Tivemos muitas mudanças em 25 anos, saímos de uma condição de grandes importadores para nos tornarmos o maior exportador, sem deixar de atender indústria nacional", comemora. Segundo ele, a virada se deu baseada em pilares como a rastreabilidade do produto, manejo sustentável e uma estratégia de promoção dentro e fora do Brasil. "Graças à pesquisa, nossa produtividade é quase três vezes maior que há 25 anos atrás, em torno de 2 mil quilos por hectare, que a maior em sequeiros do mundo", diz. Para ele, um símbolo desta virada está na venda do algodão para o Egito, conhecido por produzir a melhor fibra do planeta.

Jorge Viana, presidente da Apex Brasil, entidade dedicada à promoção das exportações brasileiras, destaca a sustentabilidade da produção baiana como um ponto positivo para o ganho de mercados. "Estive em propriedades no estado e vimos que os produtores estão crescendo utilizando áreas que estavam degradadas, ou ampliando a produtividade. Este é um cartão de visitas muito interessante", aponta.

Segundo ele, este tipo de iniciativa permite aos produtores chegarem nos mercados externos "com autoridade". "Vamos chegar e dizer que somos os maiores exportadores, mas temos o melhor sistema de produção também. Com esta atitude, iremos ganhar cada vez mais espaço", projeta. Hoje o Brasil já exporta três de cada fardo produzido.

De ponta a ponta

Rodrigo Burci Dias, gerente de marketing Algodão e Feijão da Basf no Brasil, destaca a importância da incidência da luz solar e do clima bem definido para a qualidade do algodão. Estas duas características estão dadas pela natureza no Oeste baiano, explica. "O Oeste tem produzido fibras de alta qualidade, que permitem a produção de tecidos bem finos e valorizados pelo mercado", aponta.

Segundo Burci Dias, os produtores baiano têm uma aceitação muito grande em relação às novas tecnologias. "Os produtores baianos têm uma preocupação grande em fazer perfis de solo, procurar variedades com mais capacidade de buscar água mais no fundo do solo e utilizar sempre as melhores práticas. Este conjunto é o que fez o produtor do Oeste da Bahia e do Matopiba conseguirem desenvolver cada vez mais suas áreas, sempre com muito respeito ao cerrado", explica.

Como exemplo do impacto que a tecnologia tem, ele cita a ferramenta de agricultura digital da Basf, que é capaz de promover uma economia de até 70% no uso de recursos. "A digitalização da agricultura reduz impactos, melhora resultados e ajuda a utilizar com mais eficiência os defensivos", explica.

Segundo o diretor da Basf, o trabalho para atender os produtores de algodão demanda que as empresas que atuam no fornecimento de insumos compreendam toda a cadeia produtiva, o que inclui os processos de tecelagem. "A gente trabalha de uma ponta à outra. Em relação à tecelagem, procuramos compreender qual o tamanho ideal da fibra e quais são as cores demandadas", explica. "Este é um trabalho que nós realizamos no mundo inteiro", conta.

"Queremos entender a cadeia para ajudar o produtor a estar sempre no centro da estratégia", explica.

Compromisso ESG

A preocupação com os pilares ESG – sigla cujo significado abarca compromissos com o meio ambiente, o social e a sustentabilidade econômica – perpassa de maneira transversal as etapas que envolvem a produção do algodão baiano. A máxima representação disso é o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que tem respaldo nas legislações Ambiental e Trabalhista do Brasil e se fundamentam no ESG.

Gerido pela Abrapa, o programa é executado pela Abapa na Bahia e avalia 183 itens – dentre eles o contrato de trabalho, proibição do trabalho infantil e do trabalho análogo à escravidão, e desempenho ambiental. Para obter o selo ABR, é preciso entrar em contato com o Projeto de Sustentabilidade da Abapa e agendar uma visita para diagnóstico da propriedade.

Segundo a entidade baiana, na safra em andamento, 92 unidades de produção de algodão passaram por auditoria externa e alcançaram aprovação e certificação. Até o final de junho, dos 345 mil hectares plantados com algodão no estado, 313,8 mil foram certificados, o que corresponde a 90,85% da área plantada em solo baiano e 92,38% das áreas de plantio do oeste baiano.

A aplicação do ESG na cotonicultura da Bahia também tem registrado incremento de ações voltadas ao lado social, pilar considerado uma das chaves para a qualidade do algodão produzido no estado, conforme destaca Alexandre Schenkel, presidente da Abrapa. “Acho que a qualidade e pureza do algodão vem dos produtores, dessa vontade de plantar, investir e produzir o melhor produto. Essa soma de clima, solo e pessoas traz esses resultados que a Bahia vem conquistando”, afirma.

Para promover a qualificação e a melhoria das condições de vida das pessoas envolvidas na cotonicultura, a Abapa conta com programas voltados ao ‘S’ do ESG, como o Apoio aos Pequenos Agricultores Familiares, que oferta capacitação de produtores e realização de consultorias especializadas; e o Centro de Treinamento da Abapa, que oferece cursos e treinamentos gratuitos para a comunidade, e já beneficiou mais de 100 mil pessoas em 24 anos.

Ainda, há o Programa Patrulha Mecanizada, que já asfaltou mais de 230 km de rodovias e fez a manutenção de mais de 6 km em estradas, além de permitir o aproveitamento da água das chuvas, ajudar o recarregamento dos lençóis freáticos por meio das barraginhas e bacias de contenção em pontos da estrada, e auxiliar no combate a erosão, lixiviação e empobrecimento do solo.

Em uma via de mão dupla, a produção de algodão da Bahia gerou impacto social avaliado em R$ 1,2 bilhão entre 2019 e 2013, segundo pesquisa da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Com uso da metodologia Social Return on Investiment (SROI), que em tradução livre significa Retorno Social do Investimento, o estudo analisou que os investimentos da Abapa na força humana do setor trouxeram, além dos retornos financeiros, valores sociais, ambientais e econômicos.

“A visão que a sociedade tem do agronegócio ainda é muito destoante da realidade. Então, iniciativas como essas, ainda que sejam um trabalho de formiguinha, ajudam a mostrar o impacto da cotonicultura na vida das pessoas”, avaliou o professor da UFV e pesquisador do estudo, Gustavo Braga.

ENTREVISTA Ricardo Arruda, gerente técnico de Agronomia Digital na Basf

‘Mais de 80% dos produtores já utilizam, ou têm acesso, a ferramentas digitais em seus equipamentos’

Ricardo Arruda, gerente técnico de Agronomia Digital na Basf Crédito: Divulgação

O uso de ferramentas digitais na cotonicultura traz ganhos com a economia de recursos que chegam aos 60%. Em outra frente, as ferramentas ajudam produtores a ampliar a produtividade e, consequentemente, obterem melhores retornos em seus investimentos. Isso explica a avidez dos produtores baianos pelo uso das ferramentas, acredita Ricardo Arruda, gerente técnico de Agronomia Digital na Basf. Ele acredita que estes benefícios devem se tornar cada vez maiores, à medida em que as ferramentas foram se integrando, permitindo aos produtores um controle cada vez maior e de maneira mais simples das suas lavouras.

Quem é

Ricardo Arruda é engenheiro agrônomo formado pela USP-SP, com especialização pela Cambridge University e sólida experiência em tecnologia para o agronegócio. Teve passagens por Monsanto, Bayer e The Climate Corporation antes de chegar ao xarvio, marca global de agricultura digital da BASF, onde atua como Gerente Técnico de Agronomia Digital.

Como vocês enxergam a agricultura digital?

A gente enxerga como uma ferramenta para ajudar o cotonicultor a praticar uma agricultura cada vez mais racional, mais sustentável e cada vez mais rentável. Basicamente, isso acontece porque as nossas soluções, oferecidas sob a marca xarvio, ajudam o produtor a otimizar o uso de insumos – como no caso do uso de herbicidas apenas onde há plantas daninhas e não na área toda, uma vez que muitas vezes o problema é localizado. Também estamos falando na otimização de recursos como a água, porque se não faz a aplicação na área total, economiza. Nós conseguimos oferecer para o produtor um mapeamento digital, mostrando para ele onde estão as plantas daninhas. Estamos falando de uma média de economia de 60% em economia e recursos. Isso gera ganhos de sustentabilidade e reduções de custos. Um outro aspecto importante está no aumento da produtividade, o que acontece, por exemplo, através de uma solução de semeadura em taxas variáveis, que possibilita ao produtor, baseado em imagens de satélite, plantar variando a quantidade de sementes por metro em cada uma das partes da propriedade. A gente sabe que as áreas não são uniformes, algumas têm alto potencial produtivo, outras têm médio potencial, enquanto tem aquelas que possuem um baixo potencial. A agricultura digital permite ter este nível de visibilidade e manejar de forma mais personalizada. Então, ajuda em dois componentes importantíssimos da rentabilidade, otimizando os custos e aumentando a produtividade, com mais sustentabilidade.

Como vocês dialogam com tecnologias como machine learning e inteligência artificial, por exemplo?

Praticamente todas as nossas soluções possuem componentes ligados a inteligência artificial, machine learning. Esse mapa de plantas daninhas é um exemplo. Para entregá-lo ao produtor, a gente treinou um algoritmo, para que ele, por inteligência artificial, pudesse entender o que é uma planta daninha numa imagem capturada por drones a 120 metros de altura. Ele foi treinado e hoje consegue automaticamente dizer com precisão onde estão as plantas daninhas. E isso acontece em, no máximo, 48 horas.

Como é a aceitação dos produtores baianos a estas tecnologias?

Os produtores são muito abertos a tecnologias. Recentemente, saiu uma pesquisa da Mckinsey, mostrando que os brasileiros são muito propensos a adotar novas tecnologias. E adotam com muita velocidade, em comparação com outros países. Na Bahia, os produtores têm o entendimento de que precisam fazer isso, especialmente no algodão. O cotonicultor é ávido por novas tecnologias que o ajudem a alcançar melhor rentabilidade. Eu diria que o cotonicultor é um exemplo para outros cultivos em adoção e aceitação de novas tecnologias. Estamos falando de um cultivo de alto investimento e isso requer que eles tenham também tecnologias e equipamentos muito modernos para extrair o maior potencial possível da lavoura.

Com tantas opções tecnológicas disponíveis, uma das dores dos produtores começa a ser a integração destes sistemas. Como vocês enxergam este desafio?

Realmente esta é uma dor do produtor, mas ele quer simplicidade. Ele não quer ter gerenciar três ou quatro plataformas diferentes, uma para nutrição, outra para o manejo de daninhas, outra para telemetria… É por isso que nós temos a visão, com o xarvio, de ser a plataforma mais completa do mercado, trazendo soluções para o cotonicultor, que vai desde o plantio até a colheita. A gente tem o compromisso de desenvolver soluções que caminham com o produtor durante toda a jornada. Eu citei a semeadura em taxa variável, que é onde tudo começa, mas também estamos desenvolvendo solução para a nutrição, logo depois já temos o manejo de daninhas. Se notar, nossa estratégia é caminhar junto com o agricultor do plantio até a colheita. Queremos dar a ele os benefícios com sustentabilidade e a simplicidade de operar tudo em uma única plataforma.

Quanto hoje da cotonicultura brasileira já adota a agricultura digital e quais são os grandes gargalos para chegarmos a um número maior de produtores?

Mais de 80% já usam alguma tecnologia, ou possuem equipamento com tecnologia embarcada para fazer uso. Eu vejo que hoje um dos principais desafios é justamente a simplificação do uso. O produtor não deve ter que fazer um trabalho enorme para chegar a uma solução. Quanto mais a gente facilitar para ele, mais rápido chegaremos onde acreditamos que podemos chegar. Nós temos o compromisso de não apenas entregar o dado, mas de ajudá-lo a transformar isso em um benefício.

A conectividade é um gargalo?

Tecnicamente, não mais. Antes, a disponibilidade de internet era um desafio, mas atualmente há opções por satélite em todo o território. Com isso, a disponibilidade deixa de ser um limitante, é possível ter internet de altíssima velocidade chegando no mundo inteiro. Talvez, o limitante seja o conhecimento mesmo.

Qual é o futuro da agricultura digital?

A gente fala muito em agricultura 5.0, que alguns produtores já estão experimentando, que é quando todas essas tecnologias se integram. Imagina um produtor, ao longo de toda a sua jornada, usando todas as tecnologias disponíveis, para fazer plantio em taxas variáveis, adubando o talhão de forma adequando, tratando as daninhas de maneira localizada, com economia de recursos, aplicando o fungicida no timing exato, com tudo isso funcionando até a colheita. Quando tudo isso estiver conectado e integrado, junto com outros insumos como sementes e proteção de cultivos, em práticas agronômicas de ponta, teremos resultados exponenciais.