Oficinas para gestores públicos inspiram atitudes transformadoras

Colíder do Sistema +B Brasil propõe atitude multissetorial positiva para construção de cidades sustentáveis

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  • Priscila Natividade

Publicado em 5 de setembro de 2017 às 14:58

- Atualizado há um ano

. Crédito: Evandro Veiga/CORREIO

A receita para se construir uma cidade sustentável pode não ser a mais fácil, mas o principal ingrediente, com certeza, é a atitude multissetorial positiva. Esse foi o engajamento proposto pelo colíder do Sistema +B Brasil (Empresas B) e tecelão de redes de organizações de impacto positivo, Tomás de Lara, durante a oficina ministrada para gestores que aconteceu no seminário Cidades, na 8ª edição do Fórum Agenda Bahia. 

“Tudo começa a partir do entendimento de que há um objetivo comum que é a cidade. O legal é se juntar, envolvendo empresas, poder público e associações para entender esses impactos e agirem como fonte de mudança”, disse.

Ao destacar as experiências do Projeto Cidades +B que estão sendo desenvolvidas em Nova York, Rio de Janeiro, Santiago (Chile) e Medellín (Colômbia), Tomás de Lara estimulou o movimento   em Salvador. Segundo o secretário de Cidade Sustentável, André Fraga, a prefeitura tem todo interesse nisso. “É uma excelente oportunidade de  buscar soluções articuladas com diversos setores para reduzir, por exemplo, um dos principais problemas da cidade que é a desigualdade social”. 

Outras prefeituras, como a de Camaçari,  também apostam no mesmo movimento de mudança coletiva. Para a assessora da prefeitura do município, Lúcia Bichara, a palavra para pôr o projeto em prática é sinergia. “O papel da prefeitura é justamente esse, de estimular a atuação em conjunto. O órgão público não constrói mais nada sozinho”. 

Na prática, o desafio coletivo consiste em somar esforços e recursos para promover transformações efetivas. No caso do Rio +B, 226 empresas atenderam ao chamado com a proposta de avaliar seus impactos. Os dados coletados ainda estão em fase de consolidação dos resultados.  “É usar o negócio como uma força para o bem. Uma cidade aprende a compartilhar as boas práticas com a outra. Foi a primeira vez que a iniciativa privada se engajou dessa maneira no Rio”. 

Como a massa não é responsabilidade de uma mão só, a virada deve contar ainda com o apoio do empresariado. Se depender da consultora da Ser Marilu Cunha, o projeto vai sair do papel e ganhar corpo na cidade. Junto com a Ama Chocolates, as duas são as únicas empresas certificadas pelo selo Empresas B na Bahia, que reconhece empreendimentos com boas práticas socioambientais.

“A gente está sempre puxando esse assunto do Cidade +B. Participamos de um encontro com a Prefeitura e queremos trazer a nossa expertise como uma empresa B certificada. É esse tipo de mercado que a gente procura fomentar, que olhe para seus impactos e se sensibilize”, ressaltou.

O diretor de relações institucionais do Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon-BA), Vicente Mattos, é mais um a concordar com a iniciativa. “Salvador carece de um  esforço conjunto para uma melhoria ainda maior. Toda essa rede que pode se formar vai beneficiar a todos”.  

Mobilidade

Outra oficina durante a programação estimulou gestores públicos e empresários a pensarem o futuro de Salvador, sobretudo no que diz respeito à mobilidade. Comandada pelo diretor do World Resources Institute (WRI) Brasil para Cidades Sustentáveis, Luis Antonio Lindau, a palestra tratou da operacionalização de recursos para viabilizar essas transformações por meio do sistema de Desenvolvimento Orientado pelo Transporte Sustentável (Dots).

Mais uma vez, para melhorar, vai ser preciso integrar. “Isso aumenta a capacidade do investimento que está sendo feito para que ele possa - não só melhorar a mobilidade - mas qualificar o bairro e a cidade como um todo”, pontuou Lindau.    

O Fórum Agenda Bahia 2017 é uma realização do CORREIO, com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador (PMS), Federação das Indústrias da Bahia (Fieb) e Rede Bahia; patrocínio da Braskem, Coelba e Odebrecht; e apoio da Revita. 

Principais destaques da oficina

Melhores Negócios, Melhores Cidades. Conhecer a experiência dos projetos Cidade +B e Empresas +B, comprometidas com o desenvolvimento social, econômico e ambiental, mostrou caminhos para crescer com sustentabilidade, tanto nas cidades como também nos negócios. Durante a oficina, o colíder do Sistema B Brasil (Empresas B) e tecelão de redes de organizações de impacto positivo Tomás de Lara trouxe experiências do Projeto Cidades +B que estão sendo desenvolvidas em Nova York, Rio de Janeiro, Santiago (Chile) e Medellín (Colômbia).

Desenvolvimento Sustentável. Para implementar esse tipo de mobilização, Tomás de Lara enumera os passos: o primeiro, estabelecer uma rede multissetorial (governo, empresas, organizações); montar um plano de ação e operacionalização; aplicar o plano e avaliar o impacto a partir das avaliações; analisar os resultados e estabelecer o compromisso, a partir da consolidação desse levantamento.  

Sistema DOTS.  Comandada pelo diretor do World Resources Institute (WRI) Brasil para Cidades Sustentáveis, Luis Antonio Lindau, a oficina falou sobre a viabilização do Desenvolvimento Orientado pelo Transporte Sustentável (Dots). A estratégia permite a integração do uso do solo ao transporte coletivo, a partir do modelo cidade 3C (compacta, conectada e coordenada). Entre os instrumentos de financiamento sugeridos estão a tarifa do usuário, recursos próprios e transferências, captura de valor, incentivos ao investimento, dívida, capital e assistência de crédito.