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Luiza Gonçalves
Publicado em 29 de outubro de 2024 às 09:00
Para Ismael Soudam, o fazer moda começa a partir do toque. É preciso sentir o tecido para imaginar como serão as peças e seu caimento. Um hábito que ele cultiva desde seu início na moda, há 33 anos, quando começou na profissão como estilista em uma loja de tecidos, orientando os clientes sobre as possibilidades que caberiam em uma determinada metragem. Autodidata, sempre gostou de desenhar e de observar sua mãe, costureira, realizando seus trabalhos e escolheu na moda seu segmento de vida. “Eu pensava que ia ser engenheiro, alguma coisa assim parecida, mas a moda não deixa de ser uma engenharia”, brinca.
Ismael decidiu seguir seu trabalho autoral, assinando peças mais conceituais, ligadas às artes plásticas, com materiais reciclados e apresentadas em performances. O estilista relembra as primeiras mostras de seus designs, no melhor estilo ‘guerrilha’. “Na época, a gente tinha um grupo de atores e modelos que vestiam as peças, mas não tínhamos uma liberação para poder chegar numa praça ou coisa parecida. Aí, a gente marcava no Pelourinho, uma hora antes de começar algum show, e desfilava as peças”, relembra.
Veja o mini-doc completo sobre Ismael Soudam:
Com o passar dos anos, e agora com locais adequados para seus desfiles, o designer expandiu sua atuação, apresentando coleções inspiradas em diferentes décadas da moda, figurinos para cantores e artistas, e peças ousadas de moda praia sob a marca Soudam. Foi no Afro Fashion Day de 2015 que Ismael desfilou, pela primeira vez, uma de suas peças de beachwear. “A moda praia, apesar de ser uma peça tão pequena, acho importante, né? Hoje, ter alguma coisa a mais, que não seja simplesmente um biquíni. Eu gosto de trabalhar com pedrarias na aplicação, paetês, às vezes um tecido mais tecnológico, uma modelagem diferenciada”, afirma o estilista.
Presença constante no desfile desde então, Ismael levou à passarela do Afro biquínis brilhantes, artesanais e com estampas exclusivas, equilibrando com outras criações como vestidos e peças com amarrações. Para o criador, o projeto representa um marco no cenário da moda: “O Afro é inclusão, diversidade, são vários talentos novos que, às vezes, estão sem visibilidade, e o Afro traz toda essa gama de artistas e estilistas. Eu acho que ele é um modelo para o nosso país”, destaca.
O estilista também enfatiza como ponto forte da produção a unidade entre os criadores de moda presentes no desfile. “Nessa passagem de 10 anos do Afro, uma das coisas que me chamou atenção e que mais me despertou foi o senso de coletividade que, até então, nos meus 33 anos de carreira, os desfiles eram sempre individuais. Foi a primeira vez no Afro que trabalhamos um desfile coletivo. Você sente a energia de várias cabeças pensantes. É bem prazeroso estar junto, nessa linguagem que é o Afro.”
Mini docs Afro Fashion Day:
Editor de Mídia e Estratégia Digital: Jorge Gauthier
Reportagem: Luiza Gonçalves
Equipe de mídias: Eduardo Bastos, Arthur Leal e Gabriel Cerqueira
O Afro Fashion Day é um projeto do jornal Correio com patrocínio da Avon e Bracell, apoio CAIXA, Shopping Barra, Salvador Bahia Airport e Wilson Sons e apoio institucional do Sebrae e Prefeitura Municipal de Salvador.