Primeira fase da seletiva de bairros do AFD 2024 reúne 113 modelos na Barroquinha

Seletiva terá uma segunda edição no dia 17 de setembro no Espaço Cultural Boca de Brasa, no bairro de Cajazeiras

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  • Luiza Gonçalves

Publicado em 10 de setembro de 2024 às 20:56

Seletiva de bairros do AFD 2024 reúne modelos na Barroquinha
Seletiva de bairros do AFD 2024 reúne modelos na Barroquinha Crédito: CORREIO/Marina Silva

Ajeita o black, calça o salto, respira fundo: é hora da passarela. Na tarde desta terça-feira (10), o Espaço Cultural Boca de Brasa, na Barroquinha, ganhou ares de fashion show ao receber 113 candidatos na primeira etapa da seletiva de bairros do Afro Fashion Day 2024, que busca escolher novos talentos para a passarela mais negra do Brasil. No local, bastava preencher a ficha de inscrição, posar para fotos e fazer o melhor desfile diante dos jurados. Foi um mar de brilho e beleza em passadas confiantes, cheias de diversidade e sonhos.

Muitas vezes, o interesse pela moda já está presente, mas é preciso um empurrãozinho. Pedro Henrique Oliveira, de 24 anos, soube da seletiva no dia anterior, por meio de amigos que frequentemente diziam que ele deveria tentar ser modelo. “Eu já tinha pensado na possibilidade, mas sempre tive inseguranças. Só que, com o apoio dos meus amigos, que acreditam muito em mim, e da minha mãe e minha avó, que também ficaram muito animadas — inclusive, até vieram comigo hoje —, eu decidi tentar. E já estou muito feliz”, afirma.

Na seletiva do Afro, há espaço para sonhos antigos ou novos, prontos para serem realizados, não importa a idade. Suely Palma, de 59 anos, queria ser modelo desde a adolescência, mas foi apenas no ano passado que decidiu seguir esse chamado. “Sou fotógrafa e, quando participei no ano passado do Salvador Fashion Week fotografando, decidi que este ano eu estaria na passarela. Fui me profissionalizar, fiz um curso de modelo e, desde que assisti ao desfile do Afro em 2023, queria integrar essa passarela tão importante. É a realização de um sonho, e não tem idade para isso”, garante.

Edmea Coelho, de 70 anos, concorda com Suely e está confiante de que o AFD será sua estreia na passarela: “Estou começando na moda. Fui descoberta na pandemia e, hoje, estou aqui para provar que a arte não tem limite. Na passarela, no teatro, cantando, dançando, sendo feliz — não há limite. Será meu primeiro desfile, e pretendo arrasar.”

Seletiva Afro Fashion Day irá selecionar modelos para interar
Seletiva Afro Fashion Day irá selecionar modelos para interar Crédito: CORREIO/Marina Silva

Representatividade 

“Quando eu estava me arrumando para a seletiva, lembrei da minha infância, da fase de transição capilar, desse processo de me entender como mulher negra. Em muitos momentos, fui colocada como a mais feia da turma, era a que ninguém escolhia. Hoje, me ver como uma mulher negra bonita, que pode ocupar espaços, me emociona muito”, relata Jéssica Oliveira. A jovem de 23 anos nasceu em Bom Jesus da Lapa, no interior do estado, e mora em Salvador há dois anos, buscando trilhar uma carreira como modelo de passarela. “Poder participar da seletiva e, quem sabe, do desfile, representa uma forma de reafirmar essa trajetória e inspirar outras pessoas que estão nesse mesmo processo”, complementa.

“É o desfile de Salvador. É muito impactante para mim ver corpos negros sendo admirados, sabe? A gente está mudando isso com o passar dos anos, dando essa visibilidade para nós. Poder me ver na passarela revigora a alma. Ano passado, não pude participar da seletiva, mas este ano vim e espero integrar esse desfile negro, coletivo, com os meus”, resumiu o candidato Caleb Lisboa, minutos antes de sua vez de desfilar.

Para os que não puderam comparecer à seletiva, haverá uma segunda edição no dia 17 de setembro, no Espaço Cultural Boca de Brasa, no bairro de Cajazeiras. A participação é gratuita e permitida para pessoas negras maiores de 13 anos.

*Sob orientação do editor de mídia e estratégia digital Jorge Gauthier