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Larissa Almeida
Publicado em 7 de agosto de 2024 às 20:59
No ano em que completa dez anos de trajetória, o Afro Fashion Day (AFD), realizado pelo jornal CORREIO, traz novidades em tons musicais para o desfile que conta com a passarela mais negra do Brasil. Com o tema “Música – Resgatando raízes e elevando vozes: a música que ecoa histórias e inspira o futuro”, o evento mudará de palco após três edições no Terreiro de Jesus e vai ocupar a Praça 2 de Julho, no Largo do Campo Grande.
A expectativa é que até 10 mil pessoas acompanhem as mais diversas exibições de moda, que já têm data marcada: 1º de novembro. As informações foram divulgadas na tarde desta quarta-feira (7), durante reunião de lançamento da 10ª edição do AFD, que reuniu 19 estilistas na Rede Bahia.
A escolha pela data que abre o calendário do mês da Consciência Negra tem o intuito de celebrar a ocasião, assim como busca dar visibilidade a modelos, estilistas e designers negros ligados ao universo fashion. A entrada é gratuita e conta com programação a partir das 14h, com desfile previsto para as 19h.
O tema proposto neste ano será dividido em três blocos: Ancestral, Festiva e Contemporâneo. Nelson Pereira, produtor do evento, contou sobre o processo de escolha do tema e suas vertentes. “Vários temas passaram pela nossa cabeça, mas sentíamos que precisava ser um que celebrasse o Afro Fashion Day. Então, nós resolvemos trazer a música para rememorar todos os nossos anos de história, grandes feitos e trabalhos. Queremos muito trazer o que tem de música na Bahia, fazer um espetáculo para além do desfile com a união da moda com a música”, destacou.
Luciana Gomes, gerente de Comercial e Marketing do CORREIO, contou que a escolha pelo Campo Grande tem ligação com o tema, já que é neste bairro onde começa o Carnaval do Circuito Osmar e onde está abrigada a Concha Acústica. Inspirada pelo ambiente musical, ela adiantou que existe possibilidade de o evento contar com apresentações artísticas, shows, oficinas e, claro, muita gente para celebrar.
“O Afro é um projeto que foi crescendo não só de tamanho e quantidade de gente. Ele foi acrescentando diversidade, mais corpos e, talvez, até tenha ido muito mais à frente do que o mundo estava caminhando. [...] Então, o AFD acaba sendo uma grande celebração. Ter um evento que está completando dez anos é uma grande vitória, seja ela no formato comercial ou no formato social. Eu acho que tem muita gente que se espelha nesse projeto e faz questão de participar. Vai ser um grande marco na cidade, a maior edição em questão de público e tamanho de estrutura”, garantiu.
Na primeira edição do Afro Fashion Day, o estilista Cássio Caiazzo foi desafiado a testar a técnica de macramê em um formato diferente: esculpida. Em meio a insegurança de quem dominava a técnica manual, prevaleceu a ousadia estimulada por um desfile incipiente, mas que mudou a trajetória de vida da ‘Nós Macramê’, marca comandada por Cássio. Desde então, sua empresa só cresceu, assim como a parceria do estilista com o AFD, que completa dez anos.
“Eu acho que o lugar de ousadia do Afro Fashion Day, além de despertar o sentimento na gente, ajuda que nossa arte seja propagada e dá a possibilidade de criatividade. É uma passarela, mas é acima de tudo um manifesto”, define Cássio Caiazzo. “No tema desse ano, eu acho que moda e música formam uma dupla e, sendo a nossa cidade a mais pulsante de música na Bahia, esse momento chegou para falarmos sobre como reverberamos a musicalidade através das nossas roupas e das nossas criações. Acho que vai sair muita coisa bonita”, afirmou.
Madalena Silva, proprietária da marca Madá Negif e também estilista do AFD desde a primeira edição, não escondeu a animação com o tema. “Estar em Salvador, fazer moda aqui e participar do Afro Fashion Day durante dez anos é realmente um sentimento de pertencimento. E nada é melhor do que celebrar com os tambores e a musicalidade que nós temos. Os dez anos estão vindo com alta potência. Já estou em dúvida entre o bloco Ancestral para fazer algo mais artesanal ou se vou para o bloco Festiva para apostar no colorido”, disse.
Para Ana Paula Pereira, designer de acessórios e proprietária da marca A Baianinha, celebrar o evento é uma forma de reconhecer sua própria trajetória. “É muito prazeroso me ver crescendo junto com o evento e de fato entregar algo que agrade à produção. Já tenho alguns produtos em mente, penso em trabalhar muito com movimento e acho que vou focar nos instrumentos”, adiantou.
Por sua vez, Washington Carvalho, estilista da marca Inttuí e 1º vencedor do concurso de estilistas do AFD, acredita que a música será um tema amplo o bastante para dar conta da sua relação de afeto com o AFD, cuja passarela foi a primeira na qual uma peça de roupa assinada por ele desfilou. “A marca saiu de Feira de Santana enquanto uma marca que era muito mais sobre inspirar meus sonhos e falar sobre mim, e veio para Salvador se tornar uma marca que iria vestir pessoas e realizar meu sonho em outro patamar, além de fazer eu entendê-la como empresa. Então, para esse tema, vai ter muito de intuir e concluir para outras pessoas na minha criação”, revelou.
Nesta edição, a seleção de modelos contará com duas seletivas de bairros, que ainda serão divulgadas pela produção do AFD. Podem participar pessoas afrodescendentes com idade a partir de 13 anos. Haverá ainda uma seleção específica de modelos, com data e local a serem divulgados.