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Da Redação
Publicado em 26 de outubro de 2015 às 11:58
- Atualizado há 2 anos
Já imaginou receber o prefeito ACM Neto em sua casa para conversar sobre o desempenho de seu filho na escola? Foi isso que ocorreu na manhã desta segunda-feira (26), na casa de uma família que mora na Rua Senhor do Bonfim, em Paripe. A atividade fez parte da Ação Coletiva de Aproximação Escola, Família e Comunidade, promovida pela prefeitura no Subúrbio Ferroviário como parte do Programa Combinado. A iniciativa tem como objetivo divulgar à comunidade local o Programa Agente da Educação, no qual estudantes de Pedagogia irão estreitar os laços entre unidades de ensino, família e comunidade, com o objetivo principal de acabar com a evasão escolar.>
A visita ocorreu na casa da aposentada Ângela Maria Nascimento Carvalho, 62 anos, que se autodenomina, além de avó, mãe e pai de cinco netos -- a mãe das crianças morreu há dois anos, vítima de câncer. "Eu sou professora aposentada e acompanho de perto a vida escolar dos meninos. A escola sozinha não dá conta", admite Dona Ângela. Entre os netos, quatro ainda estudam, todos na Escola Municipal Dom Pedro I, também em Paripe. >
Wellington, 6 anos, tem problemas respiratórios e, às vezes, precisa faltar aula por conta da enfermidade. Já Maria Luiza, 12, teve dificuldade em permanecer na escola quando a mãe adoeceu e veio a falecer, fazendo com que ela perdesse um ano. Hoje recuperada, a menina conta que são os professores e a avó que estimulam a ida ao colégio. "Tem que ir. A gente sabe que é importante", comenta. Os outros dois netos de Dona Ângela são Clara, de 7 anos, e Clarisse, de 5. O prefeito ACM Neto visitou a casa de quatro alunos da rede com sua equipe(Foto: Max Haack/Agecom)Lidar com situações como essas será uma das funções dos agentes educacionais, que começaram a ser recrutados em julho. O programa leva estudantes de Pedagogia para atuar em escolas municipais a fim de criar laços entre as unidades de ensino, famílias e comunidades, além de acompanhar o desenvolvimento e a frequência dos alunos. Na visita desta manhã, o prefeito esteve acompanhado da agente da educação Joilma Pinheiro. Juntos, eles conversaram com a família sobre a importância de acompanhar a vida escolar das crianças.>
Além da reunião, que ocorreu na Prefeitura-Bairro Subúrbio-Ilhas, em Paripe, a ação de aproximação com a comunidade contou com panfletagem e fixação de cartazes em Paripe e na Praça da Revolução, em Periperi. "É importante dar orientação aos pais de que as crianças precisam ir para a escola. Não pode ficar em casa na TV, ficar no Face. A gente pensa que é algo que todo mundo sabe, mas na prática não se mostra assim e o agente cumpre essa importante função de aproximação", afirmou Rosário Magalhães, diretora-presidente do Parque Social, entidade parceira da prefeitura no Agente da Educação. >
"Estava conversando com o major (Elson Pereira, comandante da CIPM de Paripe) o quanto o programa é importante para a redução dos índices de criminalidade, já que vamos estar acompanhando os estudantes", comentou Marco Aurélio, gerente regional da Smed nas Ilhas. Gerente no Subúrbio, Jeiza Barreto reforça que questões relacionadas à segurança também estão na rotina relacionada à ausência dos estudantes. "(A evasão) está relacionada ao afastamento da família em relação à importância da educação. Às vezes, esses meninos estão passando por situação de violência, ameaça, tráfico de drogas e são situações que interferem no aprendizado e no fato de não irem para a escola. E os agentes entram para monitorar o que está acontecendo", explicou.>
O prefeito afirmou que, em média, cada agente vai visitar cerca de 180 famílias, seguindo um calendário previamente estabelecido. "Os agentes vão acompanhar o desenvolvimento de cada criança. Aquela criança que está faltando ou que não está fazendo dever ou que está apresentando algum problema em sala de aula, o agente vai até a família, conversa com o pai, com a mãe e procura fazer essa aproximação para, quem sabe, até levar a solução do problema para aquela família", afirmou.>
Nova etapaO prefeito também afirmou que o programa entra, nesta semana, em uma nova fase, que visa expandir o raio de inclusão dos agentes, colocando-os em contato também com a comunidade onde atuam. "Nessa fase, a gente vai levar também o agente a ter uma integração com a comunidade, com as igrejas, as associações de bairro, porque se a comunidade participar da vida da escola, a gente tem certeza que a educação que será oferecida naquela escola será de mais qualidade", explicou.>
De acordo com o secretário municipal da Educação, Guilherme Bellintani, o programa Agente da Educação já foi implantado em 70% das escolas. "A gente lá na frente vai se questionar o que será da rede sem os agentes. Temos a percepção da rede como uma coisa coletiva, com todos os seus atores”, afirmou o secretário. Atualmente, são 300 agentes e há vagas para outros 120 – o processo seletivo está aberto no site do programa.>
Taiane Melgaço está atuando como agente da educação na Escola Municipal de Paripe desde setembro. Ela conta que tem acompanhado os alunos na entrada e saída da escola e tem estabelecido parcerias com os professores para tentar identificar casos críticos entre os estudantes e observar a frequência. As visitas domiciliares ainda não estão ocorrendo porque, segundo ela, optou-se pela divulgação do programa e por uma aproximação prévia com a comunidade. "Inicialmente, essa aproximação nas casas vai ser difícil. Vamos estar invadindo o espaço de alguma forma, até porque as pessoas não sabem qual é a nossa intenção, e isso pode assustar. Por isso, o trabalho que está sendo feito é para que a comunidade saiba o que a gente está fazendo", detalhou. >
Evasão em númerosSegundo o Relatório de Desenvolvimento 2012 produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no Brasil, um em cada quatro alunos vai abandonar a escola antes de completar o ensino fundamental. Com 24,3% de desistência escolar, o país tem a terceira maior taxa de evasão escolar da América Latina. Em Salvador, de acordo com dados da Secretaria Municipal da Educação (Smed), o índice de evasão é de 3% entre os 90 mil alunos do ensino fundamental I que cursam do 1º ao 5º ano.>