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Maysa Polcri
Publicado em 2 de julho de 2024 às 13:34
A chegada dos caramanchões que carregam as figuras do Caboclo e da Cabocla à Praça Municipal foi o sinal de que a parte da manhã do desfile do 2 de Julho havia encerrado. Por volta das 10h30 desta terça-feira (2), os símbolos da independência do Brasil na Bahia foram colocados sob uma área coberta, em frente à sede da Prefeitura de Salvador. A pausa no cortejo cívico cedeu espaço para o som de tambores e cantos religiosos. O toré, ritual em saudação aos caboclos representantes de religiões de matriz africana e indígenas, aconteceu pelo segundo ano consecutivo no festejo.
A mistura de diferentes crenças é característica do 2 de Julho. Quem acompanha o cortejo, na Lapinha ou no Campo Grande, aproveita a oportunidade para tocar nos caboclos em forma de pedido ou agradecimento. O gesto é repetido inúmeras vezes ao longo percurso por católicos, candomblecistas, umbandistas, entre outros.
Enquanto o final da manhã se aproximava, o toré atraía baianos e turistas. Sob os pés das carruagens, os caboclos foram saudados pelos batuques dos tambores e fogos de artifício. “O toré é feito como uma grande homenagem aos caboclos. Nós, de religião de matriz africana, fazemos parte da luta pela independência que vencemos”, explicou Alcione Pereira Santos, do Terreiro Tingongo Muendi.
O toré contou com a presença de representantes de outros terreiros. Juntos, eles aproveitaram para se unir contra a intolerância religiosa. “Infelizmente, somos muito humilhados pela sociedade, mas viemos aqui, unidos, para mostrar que fazemos parte da sociedade e merecemos respeito", concluiu Alcione Pereira.
Após o intervalo, o cortejo volta a se reunir às 13 horas e tem início com as fanfarras. A cerimônia cívica vai até às 17 horas, com a chegada dos carros dos caboclos na Praça Campo Grande. Acontecerá ainda, a partir das 17h30, o encontro de orquestras filarmônicas, coordenado pelo maestro Fred Dantas.