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2 de Julho: entenda o que significam os elementos dos carros alegóricos do Caboclo e da Cabocla

Locais de batalha, heróis e até a imperatriz do Brasil estão representados nas carruagens

  • Foto do(a) author(a) Yasmin Oliveira
  • Yasmin Oliveira

Publicado em 27 de junho de 2024 às 06:15

Os Caboclos serão vestidos e ornamentados na véspera do desfile
O Caboclo que representa o herói nacional Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

No dia 2 de Julho, o Caboclo e a Cabocla que desfilam em carruagens pelas ruas do Centro da capital baiana são, sem dúvidas, a estrelas da festa. Mas, você sabe o que significam essas imagens e cada elemento que compõe o carro alegórico? 

No carro do Caboclo, por ser o mais elaborado, temos mais elementos que representam a luta do herói nacional durante a Independência. Segundo o artista plástico José Dirson Argolo, professor da Escola de Belas-Artes da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e coordenador da equipe de restauração dos caboclos, talvez a Bahia seja o primeiro estado brasileiro a escolher o indígena como representante da nação brasileira.

“Na parte mais alta, naquele pedestal, fica o Caboclo que representa o herói nacional. Ele esmaga o dragão, que representa o povo português vencido. Ali, ele está mostrando o poderio do brasileiro que venceu e esmagou o povo português”, conta José.

Na frente do carro, a armadura com seu capacete representa um troféu de guerra. Os canhões e as balas dos canhões usados na guerra e roubados do inimigo são expostos abaixo deste troféu, enquanto as laterais trazem três bacamartes de um lado e três do outro, armas originais da época da guerra.

A armadura representa um troféu de guerra
A armadura representa um troféu de guerra Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

“Uma outra coisa também que, segundo os historiadores, são originais são as rodas da carruagem que seriam rodas primitivas das carroças que levavam os canhões do inimigo para a guerra. Então, as carroças portuguesas que levaram os canhões lá para o campo de batalha foram depois reaproveitadas, em 1824, na primeira carroça que vestiram um mestiço de indígena com negro, o caboclo que dá origem ao desfile”, explica o restaurador.

Na frente da carruagem, os dois anjos representam o anúncio da vitória. As duas cornucópias no chão espalham flores para abrir os caminhos. Na parte traseira da carruagem, é possível ver o nome de dois locais em que ocorreram as batalhas: Mavorte e Bellona. Além da homenagem a Dona Leopoldina, a primeira imperatriz do Brasil, e sua filha Dona Januária.

Os locais de batalha junto da primeira Imperatriz do Brasil e sua filha ficam na parte traseira da carruagem
Os locais de batalha junto da primeira Imperatriz do Brasil e sua filha ficam na parte traseira da carruagem Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

Nas laterais, os nomes dos heróis da Independência: o general Pedro Labatut e o Lorde Thomas Cochrane. Pinturas de bandeiras e de flores foram feitas nas laterais e descobertas após a restauração em 1998.

Lorde Cochrane e o general Labatut são os homenageados nas laterais
Lorde Cochrane e o general Labatut são os homenageados nas laterais Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

Os mesmos heróis representados no carro do Caboclo, também estão representados em formato de bustos nas laterais da carruagem da Cabocla.

Os bustos que representam os heróis da Independência ficam nas laterais da carruagem da Cabocla
Os bustos que representam os heróis da Independência ficam nas laterais da carruagem da Cabocla Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

A carruagem dela chega a ser até menor, mas um pouco mais trabalhada nas suas decorações. As laterais têm inspiração no rococó e possuem peças douradas mais barrocas, com flores de acanto e rocais. “Esse aqui foi mais uma homenagem a Catarina Paraguaçu, que é uma indígena Tupinambá entregue ao náufrago Caramuru pelo pai para casamento”, relata José.

*Com orientação da subeditora Monique Lôbo