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Vladimir Brichta brilha em Bingo: O Rei das Manhãs, drama que mostra a vida desregrada do palhaço Bozo

Filme de Daniel Rezende mistura aspectos cômicos e dramáticos

  • Foto do(a) author(a) Roberto  Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 24 de agosto de 2017 às 06:04

 - Atualizado há 2 anos

Muito antes da  internet  e da TV a cabo surgirem, as crianças brasileiras mantinham os olhos grudados na TV aberta. E nos anos 80, quando os programas infantis tiveram o seu boom com as loiras Angélica e Xuxa, uma terceira atração, revelada ainda no início daquela década, também alcançava boa popularidade: Bozo, o palhaço criado nos Estados Unidos e importado para o Brasil graças ao pioneirismo de Silvio Santos no seu SBT, chegou a ficar no ar por oito horas diárias em seu auge. Entre os diversos intérpretes do personagem circense que conquistou as crianças da época estava o baiano Arlindo Barreto, ex-ator de pornochanchadas que levavam milhões de brasileiros aos cinemas durante o regime militar. Ele havia estrelado filmes como Corpo Devasso (1980) e Anarquia Sexual (1981). Nascido em Ilhéus, e hoje com 64 anos, ele viveu o palhaço entre 1984 e 1986. Viciado em cocaína e álcool, Arlindo acabou afastado da TV quando as drogas comprometeram seu rendimento.  No auge do vício, sofreu um acidente que o levou ao hospital, onde recebeu a visita de um pastor evangélico e foi convertido à Igreja Batista. Anos depois, Arlindo se tornaria pastor e se apresentaria em igrejas vestido de palhaço. O dinamarquês Soren Hellerup e Leandra Leal também estão no filme (foto/Luis Maximiano/Divulgação) A história inusitada de Arlindo chamou a atenção de Daniel Rezende, montador brasileiro que se destacou internacionalmente com o trabalho em Cidade de Deus, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar em 2004. Desse interesse de Rezende surgiu Bingo - o Rei das Manhãs, filme que mistura elementos cômicos e dramáticos com qualidade que raramente se vê no cinema. A classificação indicativa é de 16 anos. No papel principal está Vladimir Brichta, que, no filme, se chama Augusto Mendes. O elenco, ótimo, conta ainda com Emanuelle Araújo, como Gretchen, Leandra Leal, como Lúcia, uma diretora de TV durona, e o dinamarquês Soren Hellerup, que interpreta Peter Olsen, o criador do Bingo (que não pode ser chamado de Bozo no filme por questões de direitos autorais). O filme é uma coleção de acertos e começa com a escolha de Brichta, que, merecidamente, tem mais uma chance de provar ser um bom ator dramático, como já havia feito em Coleção Invisível (2012). O ator baiano, nascido em Minas Gerais, como ele mesmo gosta de explicar, encontra a dose certa de cinismo que seu personagem merece, especialmente, nas cenas em que contracena com Leandra Leal e nos momentos em que tira sarro de Peter Olsen. De quebra, Brichta tem ainda a companhia de Augusto Madeira, que se sai muito bem como Vasconcelos, colega de Bingo.Anos 80 - Mas, para o público que hoje tem entre 40 e 50 anos, uma das grandes atrações do filme deve ser a viagem até os anos 1980, década marcada pela cultura pop e deliciosamente caracterizada no filme: estão ali a publicidade destacada, os brinquedos que marcaram o período e, claro, a trilha sonora que rendeu clássicos como Serão Extra, do Dr. Silvana, Tudo Pode Mudar, do Metrô e Casanova, de Ritchie. Emanuelle Araújo interpreta Gretchen, muito presente no programa do Bozo (foto/divulgação) E uma das musas brasileiras do período também está lá: Gretchen, que ressurge com muita graça na pele de Emanuelle Araújo, cantando um dos seus maiores sucessos, Conga, Conga, Conga. É ela, aliás, com seus dotes glúteos, que ajuda a alavancar a audiência do programa infantil. A boa química entre Emanuelle e Brichta rende uma  inusitada cena de sexo no banheiro. O submundo do sexo e das drogas, retratado em festas regadas a cocaína e orgias, lembra, às vezes, momentos de filmes como Lovelace (Rob Epstein e Jeffrey Friedman/2013) e Boogie Nights (Paul Thomas Anderson/1997), ambos sobre o universo do cinema pornô.  Mas, Bingo vai muito além de um mero retrato sobre os coloridos anos 80. É também um filme sobre solidão e sobre como um homem pode ser eclipsado por um personagem que ele próprio criou. Embora o Bozo fosse muito famoso, Arlindo Barreto, por questões contratuais, não podia jamais revelar que era o intérprete do palhaço, o que lhe impedia de desfrutar da fama e de ser reconhecido pelos próprios fãs. Ou seja, no fundo, em algum momento da vida, todos nós queremos que os holofotes se voltem para nós. 

COTAÇÃO - ÓTIMO

Horários de exibição:

 UCI Orient Shopping da Bahia 6  13h20 | 15h50 | 18h20 | 20h50  UCI Orient Shopping Barra 2  13h20 | 15h50 | 18h20 | 20h50  UCI Orient Shopping Paralela 6  13h | 15h20 | 17h40 | 20h | 22h20  Cinépolis Bela Vista 7  13h | 15h30 | 18h | 20h30  Cinépolis Salvador Norte 2  14h20 | 16h50 | 19h20 | 21h50  Cinemark 7  12h50 | 15h20 | 17h55 | 20h30  Cinemark 10  15h50  Espaço Itaú Glauber Rocha 2  16h | 18h20 | 20h30