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Murilo Gitel
Publicado em 10 de setembro de 2017 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Carregadores de celular, drives de computador e cartuchos de impressora são apenas alguns exemplos dos resíduos eletroeletrônicos que vemos nas lixeiras de Salvador diariamente. Em meio à “Era da Tecnologia da Informação”, a demanda por aparelhos como smartphones, notebooks e tablets é crescente, o que estimula o descarte inadequado desses equipamentos no ecosistema. Dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) estimam que a montanha de lixo eletrônico global cresça quase 42 milhões de toneladas todos os anos.>
Cada vez mais modernos e repletos de recursos, novos celulares, computadores e demais equipamentos conquistam consumidores em todo o mundo. Depois de adquirirem as novidades, os amantes da tecnologia, contudo, desconhecem o que fazer com os aparelhos antigos, e o destino costuma ser a lata do lixo. (veja os locais no final da matéria).>
“Meu smartphone antigo teve um problema e constatei que o conserto sairia mais caro que comprar um novo. Acabei adquirindo um modelo melhor e jogando fora o que não prestava mais”, afirma a estudante universitária Andreza Evany dos Santos, 21 anos. Sem saber, a jovem estava contribuindo com a possibilidade de contaminação do solo e de recursos hídricos com metais pesados, semimetais e outros compostos químicos que estão nos componentes internos dos eletroeletrônicos como televisores, celulares, notebooks e CPUs.Entre essas substâncias tóxicas, estão o chumbo, mercúrio, cádmio, berílio, entre outros. O contato direto com esses elementos químicos, através da inalação ou da pele, pode provocar distúrbios no sistema nervoso, disfunções renais e pulmonares, câncer e outras doenças, além de afetar o cérebro.Impactos>
“As partes constituintes dos equipamentos pós-uso são de difícil degradação pela natureza e algumas contém substâncias perigosas que, se incorporadas, podem prejudicar a saúde”, explica a professora doutora Viviana Zanta, coordenadora do Grupo de Resíduos Sólidos Urbanos da Ufba. “Além disso, qualquer descarte gera outros impactos negativos, como lançamentos de outros tipos de resíduos, o que vai comprometendo cada vez mais a salubridade do ambiente”, completa.>
A professora esclarece que, em microcomputadores, o plástico corresponde a 23 % da massa do microcomputador, sendo que 15 % dessa massa possui retardantes de chamas. "Algumas dessas substâncias podem ser tóxicas e há também pigmentos e estabilizadores (chumbo, cádmio, níquel, etc) que, individualmente, também podem ser prejudiciais à saúde. Ressalto que o nível de periculosidade está relacionado às concentrações dessas substâncias no material, a forma como elas são liberadas no meio ambiente e a via de contaminação para os seres humanos e outras espécies. No entanto, práticas como a queima descontrolada dessas substâncias apresenta sérios riscos de liberar gases tóxicos cancerígenos ”.>
Antes de se abordar a questão do descarte, porém, a especialista sugere que a sociedade adote um consumo mais consciente. “O primeiro questionamento que devemos fazer é se precisamos realmente adquirir cada vez mais novos produtos eletroeletrônicos. Você já pensou sobre quantas vezes nos últimos dez anos trocou de celular? ”>
O que fazer>
Em Salvador, a coleta de equipamentos eletrônicos é feita por ONGs, associações e empresas privadas que trabalham em parceria com cooperativas de reciclagem. Uma vez pesados, esses materiais são comercializados e reaproveitados para dar surgimento a outros produtos.>
Um bom exemplo é a Cooperativa de Coleta Seletiva Processamento de Plástico e Proteção Ambiental (Camapet), sediada no bairro de Massaranduba. “Temos parceria com o instituto GEA, de São Paulo, que nos capacitou para fazer a desmontagem dos equipamentos eletrônicos”, explica a presidente da entidade, Michelle Almeida. “Pedimos aos parceiros, empresas privadas e demais entidades que nos procurem, em vez de descartar esses materiais inadequadamente”, acrescenta.>
Os resíduos reaproveitáveis tratados pela Camapet são comercializados para uma segunda cooperativa, de São Paulo, sendo que muitos desses materiais acabam exportados para integrar a composição de joias caras, feitas com bronze, prata e ouro, transformando o lixo em luxo. “Os cooperados ainda conseguem incrementar a renda com esse trabalho”, diz Michelle.>
A Camapet é parceira no Programa Recicla Já Bahia, que tem como foco a destinação adequada dos resíduos eletrônicos e mantém atualmente dez pontos de coleta no Centro Administrativo da Bahia (CAB). A iniciativa foi idealizada pela extinta Superintendência de Construções Administrativas da Bahia (Sucab) e teve suas funções assumidas pela Superintendência de Patrimônio, da Secretaria da Administração (Saeb).>
A coleta é realizada mensalmente em parceria com a Camapet. Nos últimos dois anos já foram coletados cerca de 7 mil itens. A meta é atender à demanda dos servidores para descarte de objetos trazidos de suas casas. Por sua vez, o Parque Tecnológico também conta com coletores, que recebem, além dos materiais mais comuns, pilhas e baterias - normais e alcalinas -, que são consideradas lixo tóxico.Confira alguns locais da capital baiana para descartar seu lixo eletrônico além das lojas de telefone celular:Local Endereço Contato Fábrica Cultural Rua Rosalvo Barbosa, ao lado da Igreja São Jorge, na Vila Ruy Barbosa, na Cidade Baixa (71) 3316 - 1644. Projeto Inclusão Socio-Digital Centro Comercial Iguatemi, salas 122 e 123 (71) 3033-4821. Ou [email protected] Salvador Shopping Av. Tancredo Neves, 3133 - Caminho das Árvores, Salvador . Aceita o descarte de pilhas e baterias (71) 3417-6001 JJ Lixo Eletrônico Rua Jogo do Carneiro, 54, Nazaré. (62) 3549-7688, sede da entidade, em Goiânia Salvador Norte Shopping BA-526, 305 - São Cristóvão, Salvador. Posto de coleta localizado no piso L1, ao lado do balcão de informações (71) 3417-6500 A coleta de resíduos eletrônicos fez parte do seminário Cidades, evento do Fórum Agenda Bahia 2017 realizado na sede da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), no Stiep.>
O Fórum Agenda Bahia 2017 é uma realização do CORREIO, com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador (PMS), Fieb e Rede Bahia; patrocínio da Braskem, Coelba e Odebrecht; e apoio da Revita.>
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