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Morro do Pai Inácio, na Chapada Diamantina, ganha escadaria

A subida do Morro, em Palmeiras, tem 1.500 metros de altitude

  • Foto do(a) author(a) Mario Bitencourt
  • Mario Bitencourt

Publicado em 6 de fevereiro de 2018 às 12:53

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Rita Barreto/Setur/Divulgação

Considerado por muitos como o maior cartão-postal da Chapada Diamantina, na Bahia, o Morro do Pai Inácio, conhecido nacionalmente em 1992 depois da novela Pedra sobre Pedra, da Rede Globo, está com uma novidade para este Carnaval: uma escadaria que promete auxiliar muita gente a vencer os 1.150 metros de altitude e desfrutar das maravilhas que a vista lá de cima oferece.

Na  sexta-feira, a obra foi entregue pela prefeitura de Palmeiras, com autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e participação do Grupo Ambientalista de Palmeiras (GAP), que falava sobre a necessidade da escadaria há 18 anos.

O morro fica ao lado da BR-242 (no Km 345), onde chega-se facilmente de carro. Até encarar as escadas, o passeio pode ser feito de carro até um estacionamento. O tempo de subida continua praticamente o mesmo, de cerca de 25 minutos, a depender da disposição física de cada um.

As escadarias estão em locais mais íngremes, marcadas pelos lajedos, em terreno razoavelmente acidentado.

A prefeitura de Palmeiras informou que cerca de 50 mil pessoas sobem o morro por ano – para fazer isso, paga-se uma taxa de R$ 6. O melhor horário para ir é no final da tarde para ver o pôr do sol. Do alto do morro, é possível ver outras formações do Parque Nacional da Chapara Diamantina, como o Morro do Camelo, o Morrão e o Três Irmãos.

Além das escadas, o Morro do Pai Inácio ganhou corrimões e parapeitos em locais estratégicos. A ideia é facilitar a subida de pessoas mais idosas ou que tenham mais dificuldade de locomoção. A escadaria é demadeira e fica em pontos mais íngremes do Morro (Foto: Prefeitura Municipal de Palmeiras) História Segundo a lenda, o nome do Morro refere-se a um escravo que tinha um namoro proibido com a filha de um coronel, que mandou caçá-lo ao descobrir o romance. Na fuga dos capangas, o escravo teria pulado do morro com um guarda-chuva, que amorteceu a queda, deixando-o vivo.

A Associação de Guias de Lençóis, que faz por semana até 40 passeios com 10 pessoas cada, diz que a novidade deu certo: “Há mais de um mês que já estamos usando a escadaria. Ficou muito bonito, acho que vai ajudar a preservar mais o local”, disse o presidente da associação, Arnaldo José Souza Filho. “O único problema lá no alto do morro continua sendo uma antena de telefone que gera poluição visual”, criticou.

A escadaria deu o que falar nas redes sociais nesse final de semana. Usuário do local, Ennio José Brito Santana escreveu que “(com a escadaria) fica uma paisagem menos natural, mas se olharmos para vários outros pontos turísticos do mundo, veremos semelhanças nesse tipo de interferência”, escreveu. Também frequentadora, Airah Matos não gostou da ideia porque “tirou a beleza natural do Morro, ficou artificial”. Ela disse ainda que “a natureza é bela por si só e, quando sofre a interferência do homem, a tendência é tornar-se artificial”. A visitação ao Morro do Pai Inácio ocorre das 9h às 17h. 

O superintendente do Iphan na Bahia Bruno Tavares disse que a interferência no Morro buscou afetar o mínimo possível a paisagem do local, cujo tombamento paisagístico por parte do órgão federal ocorreu em 5 de maio de 2000. "Não se poderia ter feito ali, por exemplo, uma escada de concreto, pois iria descaracterizar o local, tinha de ser tudo de madeira, como foi feito. A obra ficou do nosso agrado e esperamos que ela seja conservada", declarou.