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Mistério no céu: clarão na Bahia pode ser meteoro ou lixo espacial, dizem astrônomos

Fenômeno clareou o céu na noite de terça (20)

  • Foto do(a) author(a) Mario Bitencourt
  • Mario Bitencourt

Publicado em 21 de fevereiro de 2018 às 12:10

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Reprodução

O clarão visto por pessoas de várias cidades da Bahia, sobretudo Salvador e Região Metropolitana, na noite desta terça-feira (20), pode ter sido um meteoro que entrou em combustão ao estar em contato com a atmosfera, camada de ar que envolve a Terra. Essa é a causa mais provável para o fenômeno que virou até memes nas redes sociais, segundo a avaliação de astrônomos consultados pelo CORREIO. Contudo, há divergência entre os estudiosos. Outra hipótese é de que se trate de lixo espacial. 

No Brasil não há órgão oficial que monitore a vinda de objetos vindos em direção à Terra. Os registros dos fenômenos são feitos por observadores independentes. Um dos principais é a Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon), organização aberta e colaborativa mantida por pesquisadores em astronomia. 

A Bramon, por meio da sua rede, capturou imagens do fenômeno e afirmou que era um “meteoro de alto brilho”, que cruzou o céu da Bahia às 22h27. As câmeras que capturaram as imagens estavam em Camaçari e Conceição do Coité.

“O meteoro visto em Salvador, toda a costa leste além de Sergipe, entrou na atmosfera terrestre no sentido nordeste para sudeste e explodiu sobre o Oceano Atlântico, a 83 km da Praia de Guarajuba e aproximadamente 29 km de altitude”, afirma a Bramon.

Meteoros, segundo astronômonos consultados pelo CORREIO, são rastros luminosos provocados por rochas que estão vagando pelo espaço e, ao cruzar o caminho da Terra, entram em combustão quando atingem a atmosfera.

Quando isso acontece, a rocha espacial produz um brilho intenso. Quando a rocha ainda não entrou na Terra, o nome dado é meteoroide e passa a ser chamada de meteorito em contato com a superfície da Terra.

Doutor em astrofísica pelo Instituo Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Marildo Geraldête Pereira disse acreditar ser meteoro, mas não descartou outras hipóteses.“O fato de não ter tido explosão, até onde eu sei, e a trajetória que ele fez indicam ser um meteoro. Um lixo espacial, geralmente, possui uma trajetória quase que em tangente, caindo diretamente na Terra. Mas por alguns cálculos que fizemos, pode ser também restos de um foguete russo”, declarou Pereira, professor de Física na Universidade Estadual de Feira de Santana, que não chegou a ver o clarão. Astrônomo amador, Fernando Munareto, que é estudioso do assunto, foi um dos que viram o clarão da noite desta terça. Ele mora no bairro de Costa Azul, em Salvador.

“O clarão tinha cor meio amarelada com laranja. Isso indica uma composição química que dá a impressão que era o resto de um foguete. Mas pode ser meteoro”, disse.

O astrônomo José Carlos Santos, coordenador do clube de astronomia do Observatório Antares, de Feira de Santana, também acredita ser um meteoro o fenômeno. Ele viu o clarão e o comparou a um “surfista voador”.

“As chances de ser um meteoro são de 90%. Estimo que ele tenha vindo a 8.000 km por hora, caído de uma altitude de 64 mil km, em comparação com outros fenômenos parecidos, que ocorrem todos os dias. A diferença é que uns chamam mais a atenção do que outros”, comentou o astrônomo.

O último registro de meteorito na Bahia foi na zona rural de Palmas do Monte Alto, Sudoeste do estado, em 26 de maio de 2017. O objeto de quase um quilo, 9 cm de comprimento e 5 cm de altura foi encontrado por uma dona de casa que queimou a mão ao tocá-lo.

O mais famoso caso relacionado ao assunto no Brasil é o meteorito de Bendegó, encontrado no sertão da Bahia em 1784, na zona rural da cidade de Monte Santo. Ele pesa 5.260 quilos e está em exposição no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, desde 1888.