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Perla Ribeiro
Publicado em 30 de agosto de 2017 às 22:41
- Atualizado há 2 anos
O Brasil produz hoje 79,9 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano. Esse lixo ocupa uma área equivalente a 206 estádios do Morumbi, em São Paulo, equipamento com 154.520 m² e capacidade para 67 mil pessoas. Ou seja, o lixo ocupa uma área onde caberiam 13,8 milhões de pessoas, algo próximo à população da Bahia. “Imagina quantas Copas do Mundo a gente teria que fazer para depositar o lixo que a gente produz?”, provoca o cofundador e sócio-diretor de Inteligência de Recursos da Giral Viveiro de Projetos, Mateus Mendonça, que participou ontem do seminário Cidades, segundo evento da 8ª edição do Fórum Agenda Bahia, no auditório da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), no Stiep.
O mais grave é que, segundo Mendonça, 31,9% desse lixo poderia ser reciclado e transformado em dinheiro. Por enquanto, só 3% dos resíduos sólidos são reciclados no país. No Brasil há um milhão de catadores de material reciclável. Mas, só um a cada dez deles está ligado a alguma organização. Os demais atuam na informalidade. “Há uma população de pessoas gigantesca que trabalha na informalidade e também 1.700 organizações que sobrevivem com muita dificuldade”, lamenta.
De acordo com dados do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, do Ministério do Meio Ambiente, R$ 8 bilhões são perdidos por ano no país com resíduo sólido que deveria ser reciclado. Por dia, o brasileiro produz, em média, um quilo de lixo. “Assim como o grande mercado dos automóveis, a geração de lixo é um grande mercado para o brasileiro. A gente gera 1/3 da média do lixo do europeu e do americano, que é de três quilos de lixo por dia”.
Mais de 90% dos resíduos gerados no Brasil são dispostos no solo e sem aproveitamento nenhum. “Dos resíduos gerados, 10% sequer são coletados, vão para os rios e acabam nos oceanos. Estima-se que, em 2025, o oceano vai ter mais lixo do que vida marinha. É um problema pra gente, se não acordarmos para isso o quanto antes”, alerta Mateus Mendonça.
Na contramão do descaso com que é tratado o lixo, há um item que recebe atenção especial na hora do descarte. Trata-se das latinhas de alumínio. Mais de 90% delas são recicladas no Brasil. “É o exemplo da sublimação. Você joga pro alto e não faz nem barulho. Alguém pega ela antes de cair no chão. E sabe por quê? Porque o quilo do alumínio vale muito, é um material valioso. Reciclar alumínio economiza muita energia, por isso já se tornou a vedete da reciclagem”, explica o especialista.
Ele chama a atenção ainda para o fato de que as pessoas precisam compreender que a preocupação com os recicláveis não deve terminar após o lixo sair da casa delas. “Reciclagem não termina em casa. É importante a gente saber para onde vai, inclusive para onde vai o dinheiro que a gente paga para gestão do lixo”, realça. “Em São Paulo, o lixo é o segundo item de despesa do município. Só perde para o transporte. Só de varrição de rua, é mais de R$ 1 bilhão por ano”.