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Da Redação
Publicado em 2 de maio de 2017 às 21:46
- Atualizado há 2 anos
O laudo pericial da reconstituição do acidente que deixou Emanuel e Emanuelle Gomes Dias mortos concluiu que a médica Kátia Vargas perseguia os dois irmãos em alta velocidade. O carro de Kátia bateu na moto em que os irmãos estavam, projetando-os contra um poste. Os dois morreram no local, em Ondina, em 2013. O resultado do laudo foi divulgado nesta terça-feira (2).>
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) acusa a médica de intencionalmente perseguir e causar a morte dos dois irmãos, após se envolver em uma briga de trânsito com Emanuel. Já a defesa de Kátia Vargas alega que a batida aconteceu acidentalmente e que a médica não teve intenção de matar os irmãos. (Foto: Reprodução/YouTube)O promotor David Gallo, do MP-BA, afirma que o laudo é "contundente" e fortalece a acusação. "O laudo traz tudo aquilo que venho falando nesses 3 anos. Tudo aquilo que as provas falavam, mas agora com uma prova pericial. O laudo confirma que ela saiu em perseguição deles, em alta velocidade, emparelhou com a moto e jogou contra eles. Ela usou o carro como arma, como poderia usar um revólver, uma barra de ferro, uma faca. Não é crime de trânsito. Isso a perícia comprovou", afirmou ao CORREIO. "Agora é só marcar o julgamento. Não depende da gente, mas vamos cobrar agilidade".>
O advogado Daniel Keller, que representa a família dos irmãos, também comemorou os resultados do laudo. "O laudo da reconstituição do crime confirma tudo aquilo que a acusação tem dito desde o início. Houve perseguição, estava em alta velocidade, que ela emparelhou, jogou carro na moto e acabou impulsionando os dois irmãos contra o poste. Nenhuma surpresa (com o resultado), era o que a gente esperava", diz o advogado. "Era a última peça que faltava, mas o juiz tem que abrir um prazo para que a defesa se manifeste sobre esse laudo, seguindo o princípio do contraditório. Após a manifestação deles, a juíza vai marcar o júri (...) Não tem mais fuga, recurso, já está decidido que vai ter o júri popular", finaliza.>
O assistente técnico contratado pela defesa, o perito Ricardo Molina, deve ser o responsável por fazer o parecer. A defesa tem prazo de 15 dias para se manifestar depois de ser notificada. O Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) publicou nesta terça despacho pedindo que ao laudo, já nos autos, sejam anexadas imagens da reconstituição - tanto de câmeras de segurança próximas quanto as que foram feitas por um drone. O CORREIO não conseguiu contato com a defesa de Kátia Vargas nem com o perito Molina.>
Pelo Facebook, Marinúbia Gomes, mãe das vítimas, comentou o novo desenvolvimento do caso. "Espero em Deus que se faça Justiça!", escreveu ela, recebendo apoio dos amigos e familiares.>
ReconstituiçãoEm 11 de dezembro do ano passado, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) organizou a reconstituição da morte dos irmãos em Ondina. Cinco testemunhas foram ouvidas e relataram no local o que viram, ajudando a perícia a simular o que aconteceu. >
A primeira testemunha a participar da reconstituição foi um homem que fazia cooper no dia do acidente. Ele viu o momento da discussão entre a médica e os irmãos, viu quando a moto saiu e parou na sinaleira. Segundo ele, Kátia Vargas seguiu direto, esperou o sinal abrir e seguiu a moto. A testemunha chegou a pensar que a situação "daria merda", segundo relato do promotor Davi Gallo.>
A segunda testemunha passava em uma picape vermelha em frente ao Hotel Othon quando foi ultrapassada pelo carro de Kátia Vargas. O homem viu o momento que a médica atingiu a moto. A terceira testemunha estava caminhando pelo acostamento no meio da pista quando viu o carro da médica "fechar" a moto. (Foto: Bettto Jr/CORREIO)A quarta testemunha, que está participando agora, passava em um Uno branco no sentido da Barra no momento do choque e também viu a colisão. A última testemunha a participar da reconstituição foi uma mulher que também passava pelo local no dia do acidente. >
O advogado Daniel Keller disse que inicialmente ele achava desnecessárias a reconstituição. "Agora estou achando importante porque elas (testemunhas) só reafirmam as provas que estão nos autos". >
A reconstituição do caso contou com a presença de peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT), policiais, fotógrafos e professores da Universidade Federal da Bahia. Foram utilizados veículos do mesmo modelo que a médica e os irmãos utilizavam. O carro e a moto contaram com câmeras de precisão que ajudaram a reconstruir a cena do crime. "Vamos fazer a localização precisa das testemunhas. A reconstituição é mais eficaz de que um depoimento em uma sala fechada", disse na época o professor Arthur Alves Brandão, do curso de Engenharia de Agrimensura e Cartográfica da Ufba. >
A perícia usou ainda equipamentos de GPS e tecnológicos para medir com precisão o deslocamento e velocidade dos veículos. A reconstituição foi feita sob o comando do perito criminal Paulo Botelho e acompanhada pelo diretor do Departamento de Polícia Técnica, Elson Jéferson Neris Silva. Também estavam presentes o advogado da médica Kátia Vargas e um perito contratado por ela. >
Crime Os irmãos morreram em Ondina em outubro de 2013. Eles estavam em uma moto que sofreu uma batida do carro dirigido por Kátia Vargas - segundo a conclusão do inquérito policial e acusação do Ministério Público (MP), a batida foi provocada de maneira intencional pela médica. Ela havia discutido com Emanuel perto de um sinal pouco antes.Emanuel e Emanuelle (Foto: Reprodução)De acordo com o inquérito policial da 7ª Delegacia (DT/Rio Vermelho), a oftalmologista arremessou o veículo que dirigia, modelo Sorento, contra uma moto Yamaha XTZ pilotada por Emanuel Gomes Dias que trazia na garupa sua irmã Emanuele Gomes Dias, projetando-os contra um poste, em frente ao Ondina Apart Hotel, resultando na morte instantânea dos irmãos.>
Imagens gravadas do local mostram o carro da médica seguindo atrás da moto antes da batida. >
Após as mortes, Kátia ficou por 58 dias no Presídio Feminino, no Complexo Penitenciário da Mata Escura, quando foi solta após a expedição de alvará assinado pelo juiz Moacyr Pitta Lima. Em 2014, o Tribunal de Justiça da Bahia decidiu que ela deveria ir a júri popular.>
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