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Da Redação
Publicado em 24 de janeiro de 2018 às 07:11
- Atualizado há 2 anos
O ex-presidente brasileiro Lula disputa no tribunal seu futuro na política. A chamada é do jornal francês "Le Monde", um dos veículos de imprensa internacionais que deram destaque ao julgamento do recurso do petista contra a condenação no caso do triplex do Guarujá. Nesta quarta-feira, três desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) decidem se concordam ou revisam a sentença de primeira instância do juiz Sérgio Moro.
Na visão do "Le Monde", as eleições presidenciais de outubro dependem da decisão do TRF-4 e de seu posicionamento quanto à condenação do "campeão da esquerda". O futuro do ex-presidente, classificado como uma "figura mítica" da política brasileira, "não está escrito" até então. "Não há plano B (para o PT)", disse uma fonte ao diário francês.
"Três juízes são capazes de assinar a morte política do ex-chefe de Estado e balançar a campanha presidencial de 2018 em uma situação inédita", destaca o jornal, que lembrou a mobilização popular que pede "Lula na Cadeia" e a movimentação favorável à absolvição.
Já a rede "BBC" destacou no título da reportagem que "o Brasil está pronto para o veredicto de Lula" e frisou que a manutenção da sentença de prisão cabe a três juízes. A decisão, segundo os britânicos, "pode ser vital para o futuro político do país", em referência às ambições presidenciais do petista em 2018.
Como frisa a rede, o julgamento desta quarta-feira não é uma questão de "prisão ou Presidência" para Lula. Mesmo com a sentença confirmada pelo TRF-4, ele ainda poderá recorrer. Ainda assim, um posicionamento contrário à defesa do petista pode colocar em xeque a sua reeleição, na análise britânica. A "BBC" descreveu a movimentação em Porto Alegre — pró e contra a condenação — e reproduziu parte do discurso do condenado, no qual ele ressaltou que "só sai das ruas no dia de sua morte".
O diário britânico "The Guardian" escreveu que "o Brasil se prepara para uma apelação 'vai ou racha' para o ex-presidente Lula". Para o jornal, trata-se de uma "decisão histórica que pode retirar o líder mais popular da História moderna brasileira da eleição" deste ano e pode ser "devastadora" para o PT. O texto frisa que "os nervos estão à flor da pele" à espera do julgamento sobre as acusações de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
O "The Guardian" ressaltou o esquema de segurança montado em Porto Alegre para a apelação e reproduziu a frase da presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, de que seria preso "matar gente" para prender Lula — declaração pela qual ela se retratou mais tarde. O diário entrevistou a ex-presidente Dilma Rousseff, que declarou ser esta uma decisão "para o futuro do país e não uma batalha de curto prazo". A petista defendeu que o caso contra o correligionário parte da mesma "conspiração" que a tirou do poder em 2016.
A ex-presidente Dilma também concedeu entrevista ao diário espanhol "El País" e ressaltou que a condenação de Lula "é o um novo ato do golpe no Brasil". O jornal frisou também, em reportagem, o que chamou de "decisivo processo do ex-presidente brasileiro que marca o futuro político país". No texto, os espanhóis ressaltam que o petista é o favorito nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência.
"É muito mais que um julgamento do que chegou a ser um dos líderes políticos mais populares do planeta. As circunstâncias políticas o tornaram um julgamento do passado mais recente e do futuro imediato do Brasil", escreve o "El País" no início da reportagem.
O diário espanhol descreve o condenado como "uma lenda para seus seguidores e um homem odiado até a exasperação por seus detratores". Na avaliação do jornal, embora seja a honestidade de Lula em jogo, "o Brasil sabe que o que simbolicamente estará no banco dos réus tem transcendência muito maior" — "é um julgamento de toda uma época", diz o "El País", em referência aos 13 anos de governo petista no país.
Os americanos "Washington Post" e "Wall Street Journal" também dedicaram parte do conteúdo online ao ex-presidente brasileiro. O primeiro frisou que Lula já foi um dos políticos mais populares e agora saberá se "ainda está no caminho da Presidência ou se dá um passo a mais rumo à prisão". O segundo sustentou que a decisão do TRF-4 coloca em xeque as esperanças políticas do petista.