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Thais Borges
Publicado em 3 de abril de 2018 às 02:00
- Atualizado há 2 anos
Foto: Arisson Marinho/CORREIO Num mesmo espaço, centenas de mentes que trabalham em busca de diferentes soluções para mobilidade, segurança, educação, saúde, sustentabilidade... No fundo, todas têm o mesmo objetivo: usar a tecnologia para facilitar a vida das pessoas.
Poderia ser o ambiente de trabalho de gigantes como o Google? Poderia. Mas é a proposta de algo bem mais próximo da realidade dos soteropolitanos: o Hub Salvador, uma estrutura colaborativa capaz de abrigar até 100 startups e oferecer orientação e investimento para essas empresas. Inaugurado nesta segunda-feira (2), o equipamento foi instalado no Terminal Marítimo de Salvador, no Comércio. A expectativa é de que cerca de 1,5 mil empregos sejam gerados de forma direta ou indireta.
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O Hub Salvador era uma das ações previstas no eixo Cidade Inteligente do programa Salvador 360, lançado no segundo semestre do ano passado. A prefeitura estima que, até o início do ano que vem, a taxa de ocupação do hub chegue a 100%.
De acordo com o prefeito ACM Neto (DEM), devem funcionar, ao mesmo tempo, cerca de 100 empresas ali. Ao todo, serão disponibilizados 300 pontos de trabalho. “Não temos nada equivalente no Brasil. A gente espera que seja uma alternativa para a criatividade dos baianos, para diversos projetos que não teriam condições de estruturar uma operação em função da dificuldade de não ter onde funcionar e do acesso a recursos e financiamento”, afirmou Neto, durante a inauguração. Critérios Para participar, as startups devem apresentar seus projetos nos editais que serão lançados nos próximos meses ou em concursos de ideias – chamados pitchs. Tanto propostas do setor privado quanto do segmento público podem participar. Pelo menos 10% das selecionadas precisam desenvolver soluções para a melhoria da gestão ou dos serviços públicos do município ou de melhoria da área social.
Segundo a prefeitura, alguns dos critérios que serão considerados são os impactos sócio-econômico-ambientais, a tecnologia que será utilizada, a aderência ao mercado e ao público-alvo e, ainda, a capacidade de replicar ou desdobrar o projeto para outras cidades ou países.
“Temos certeza que aqui vão se concentrar sobretudo iniciativas da nossa capital, onde a gente linka, de um lado o uso da tecnologia e, de outro, a capacidade criativa de tocar naquilo que é o diferencial do nosso povo, que é sua vocação para a criatividade”, completou o prefeito. Cada uma das startups vai passar pelo menos seis meses no hub. Depois de concluído o processo de desenvolvimento do negócio, ela vai sair e dar lugar a uma nova startup - como num rodízio.
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Operação O Hub será gerenciado por um consórcio firmado pelas empresas Bossa Nova Investimentos e DP Participações. Elas serão responsáveis por fazer a operação e a captação de fundos de investimentos para os próximos anos. Hoje, a Bossa Nova é a maior investidora em projetos de startups no país - além do Brasil, a empresa também está em outros cinco países. “Iremos atuar com três pilares: o primeiro visa operar, estruturar, ajudar e criar um ambiente que permita a inovação e crescimento de startups não só da Bahia como do mundo inteiro. O segundo pilar é ter um espaço onde a comunidade, ou seja, os soteropolitanos, possa vir para interagir com as startups. O outro foco é investir e apoiar empreendedores a criarem grandes negócios”, destacou um dos sócios da Bossa Nova, Pierre Churmann.De acordo com o secretário municipal de Desenvolvimento e Urbanismo, Sérgio Guanabara, ao todo, o consórcio deve investir R$ 300 milhões nas startups nos próximos cinco anos.
Outros R$ 8 milhões foram utilizados para a instalação das estruturas físicas do hub. A prefeitura será responsável por R$ 1,2 milhão anualmente para a manutenção do espaço. “Os editais serão concebidos em conjunto com o município. Nós participamos do conselho deliberativo do Hub Salvador e queremos que diversas soluções tecnológicas sejam voltadas para o munícipe e para nossa cidade”, disse Guanabara.
Segundo ele, do total que será investido, R$ 100 milhões já ficarão disponíveis desde agora – entre abril e maio, quando deverá ser lançado o primeiro edital. Aspectos mais específicos da seleção serão incluídos nos chamamentos públicos, que devem ser divulgados no site www.hubsalvador.com.br e nas redes sociais.
Seleção será por editais e terá avaliação por entrevista Para ser selecionada para o Hub Salvador, uma startup precisa participar dos editais públicos divulgados pela prefeitura. Além disso, de acordo com presidente do consórcio Hub Salvador, Moacy Veiga, a partir da inscrição no site www.hubsalvador.com.br, as empresas serão chamadas para reuniões e entrevistas.
No entanto, o Hub Salvador já começa a funcionar desde já – ontem, algumas empresas já podiam se instalar. Pelo menos cinco startups foram convidadas, incluindo a JusBrasil, que oferece informação jurídica, e a Safeticket, com soluções para controle de acesso a eventos.
“Essas são empresas que já fazem parte do ecossistema de startup há muitos anos. A Jus Brasil completa 10 anos agora. A grande questão é a colaboração que elas podem dar. A gente está negociando contrapartidas como mentoria, para que elas contem as experiências e até as dificuldades”, conta Veiga.
Para ele, o processo de participação da própria empresa no Hub já funcionaria como um processo de incubação – um projeto com o objetivo de melhorar aquela startup nos primeiros anos de vida. A aceleração terá a participação de entidades como o Sebrae e o Senai-Cimatec.
Segundo o gerente de tecnologia e inovação do Senai-Cimatec, Flávio Marinho, eles foram convidada para gerir tanto a incubação quanto a aceleração.
“É um processo articulado e conjugado com o que já fazemos no Cimatec. A gente tem a Acelera Cimatec e vamos levar o know-how desenvolvido aqui até pra ter um ganho de escala e, com isso, ampliar nossa atuação. Hoje, nossa atuação é especialmente voltada pra startups de interesse industrial e o hub traz uma outra temática”. Há quatro anos, o Cimatec tem projetos para startups - cada um atende 45 por ano. Espaço tem vista privilegiada para a Baía de Todos os Santos (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Saiba o que são startups e como funcionam Mas, afinal, o que é uma startup? Pois, segundo o gestor de projetos de startups do Sebrae, José Soares, uma startup pode nem começar como uma empresa constituída. Ela pode ser simplesmente um grupo de pessoas que tem um produto ou serviço inovador.
“Mas, ela tem um risco embutido, porque atua em um ambiente de incerteza. Ela tem um produto, mas não sabe se aquele produto tem aderência de mercado”, diz ele. O Sebrae tem projetos para startups desde agosto de 2015. De lá para cá, já atenderam mais de 70 – todas baianas.
Para Soares, o próprio Hub Salvador é que vai ajudar a ter uma dimensão da quantidade de startups na cidade. Até porque, como explicou o secretário municipal de Desenvolvimento e Urbanismo, Sérgio Guanabara, não há necessidade de um número mínimo de pessoas para ser um startup. Uma só pessoa pode ter uma. “Temos diversas startups já existindo (na cidade) mas espalhadas, como em uma residência simples de um garoto trabalhando no computador. É esse menino que a gente quer tirar da casa dele e colocar num ambiente mais favorável para a produção dessas soluções”, diz Soares.Para o desenvolvimento dessas startups, existem as chamadas incubadoras - projetos que oferecem capital intelectual para o desenvolvimento das empresas.
“A gente trata incubação como com uma criança recém-nascida. Incubação é o ambiente propício adequado para desenvolver o negócio com boas condições”, afirma o gerente de tecnologia e inovação do Senai-Cimatec, Flávio Marinho. Depois, há a aceleração, que é um processo parecido com a incubação, mas que envolve investimento financeiro e auxílio desde o início.