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Mario Bitencourt
Publicado em 3 de outubro de 2017 às 13:05
- Atualizado há 2 anos
Dez das 11 fazendas ocupadas por um grupo de supostos índios e sem terras no domingo passado em Itapetinga, Sudoeste da Bahia, foram desocupadas, após operação das polícias Civil e Militar na tarde desta segunda-feira (2).>
A informação foi divulgada nesta terça-feira pelo delegado Antonio Roberto Júnior, coordenador da 21ª Coordenadoria de Polícia Civil em Itapetinga. Segundo ele, os ocupantes fugiram com a aproximação da força-tarefa composta pelas duas polícias. (Foto: SSP) O grupo, segundo a polícia, estava armado e, no final de semana, levou das propriedades diversos objetos de valor, como TVs, rádios, celas, arreios, facas e facões, e fizeram de reféns os funcionários. Até comida uma das vítimas foi obrigada a fazer. Eles bloquearam a estrada com um caminhão quebrado para dificultar o acesso.>
O delegado Antonio Roberto Júnior informou que só permanecem ocupadas as fazendas Esmeralda (invadida no dia 23 de setembro por índios da etnia Pataxó Hã-hã-hãe) e Tabajara (onde estão sem terras do Movimento Livre da Terra - MLT). Ambas são do ex-ministro Geddel Vieira Lima e família.>
“Na fazenda Esmeralda, contamos cerca de 40 índios, que nos disseram que não têm relação com as demais ocupações nas outras propriedades. Nos afirmaram que o movimento é pacífico e permanecem lá. Na Tabajara estavam 12 homens que querem que a fazenda seja desapropriada para a reforma agrária”, disse o delegado.>
Durante a operação na Tabajara, o delegado disse que um homem foi preso por porte ilegal de arma de fogo – ele estava com uma espingarda escondido em um cômodo do imóvel. No mesmo local foram apreendidos ainda uma espingarda sem cano, uma moto e dois veículos por irregularidades administrativas.>
Reforço Ainda segundo o delegado, cinco equipes das polícias Civil e Militar vão continuar fazendo rondas na região por tempo indeterminado, até que a ordem seja reestabelecida. Outras duas equipes da Civil chegam nesta terça a Itapetinga.>
“Estamos conclamando os donos das fazendas a reocuparem seus imóveis”, disse o delegado, segundo o qual a ação se restringiu somente aos imóveis dentro da área de Itapetinga.>
No final de semana passado, houve cinco ocupações de fazenda também na cidade de Itajú do Colônia, vizinha a Itapetinga, por um grupo de 70 pessoas, entre índios e sem terras.>
Na manhã desta terça-feira, o delegado da cidade Miguel Cicareli ainda estava ouvindo as queixas dos proprietários das fazendas e disse que não poderia dar entrevistas.>
Com relação a fazenda Tabajara, o advogado Franklin Ferraz, contratado pela família Vieira Lima, disse que já entrou com processo por reintegração de posse.>
Ele afirmou também que houve registro de furto de 25 cabeças de gado em outra fazenda da família Vieira Lima na cidade de Maiquinique, próxima a Itapetinga. A Polícia Civil já está investigando o caso e diz ter identificado um suspeito do furto.>
“Estamos esperando que a Justiça faça logo a apreciação dos pedidos de reintegração de posse, que são com pedido de liminar [decisão provisória]. A demora em dar a decisão provoca uma situação de insegurança muito preocupante na região”, declarou Ferraz. >
Aliado de Geddel Vieira Lima, preso preventivamente desde o dia 8 de setembro no Presídio da Papuda, em Brasília, o prefeito de Itapetinga Rodrigo Hagge (PMDB), 28, neto do ex-prefeito Michel Hagge, foi nesta terça para buscar apoio do Ministério da Justiça na resolução dos problemas de ocupação de terras na região.>
Disse que iria ter audiência com o ministro Torquato Jardim, porém a assessoria de comunicação do Ministério da Justiça informou que o encontro não estava previsto na agenda oficial. O CORREIO não conseguiu falar com o prefeito nesta terça.>