Acesse sua conta

Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google

Alterar senha

Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.

Recuperar senha

Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre

Alterar senha

Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.

Dados não encontrados!

Você ainda não é nosso assinante!

Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *

ASSINE

Comprar pela internet vai ficar mais caro a partir de terça-feira

Correios anunciaram reajuste de frete; aumento chega a 31,49% na Bahia

  • Foto do(a) author(a) Donaldson Gomes
  • Donaldson Gomes

Publicado em 1 de março de 2018 às 05:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Arquivo CORREIO

Toda vez que precisa comprar um sapato, uma roupa ou um celular, a estudante de Letras Alice Santana, 27 anos, recorre à internet. O casaco novo chegou no começo do mês, após um clique em um site do Rio Grande do Sul. Ela acha mais prático e barato comprar assim, mas, a partir da próxima terça-feira (6), a praticidade vai custar mais caro. Os Correios anunciaram um aumento no valor do frete que está deixando consumidores, pequenos empreendedores e até um gigante do e-commerce, como o Mercado Livre (ML), preocupados. Alice Santana, que está montando loja virtual, terá de recalcular custos (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) Apesar de os Correios anunciarem um aumento médio de 8% nas tarifas, um levantamento do Mercado Livre indica um reajuste bem maior. Segundo o site de vendas, o reajuste médio no país é de 23%, chegando a 51% em determinadas localidades. Aqui na Bahia, o maior aumento é de 31,49%, no caso do PAC (encomendas simples), que passam de R$ 16,79 para R$ 22,06, em pacotes com até meio quilo. 

[[publicidade]]

O envio de sedex para cidades do interior, como Porto Seguro e Juazeiro, fica até 24,47%, passando de R$ 36,70 para R$ 45,68, em embalagens entre 300 gramas e meio quilo. O envio para Salvador ficará até 15,88%, pasando dos atuais 27,27% para R$ 31,60. 

O reajuste pegou algumas pessoas de surpresa, apesar de os Correios afirmarem que o mesmo acontece todos os anos. Em nota, os Correios informaram que o reajuste não é somente para o e-commerce (compra e venda pela internet), mas para os serviços de encomendas de forma geral, e que trata-se de uma revisão anual, prevista em contrato.  “A definição dos preços é sempre baseada no aumento dos custos relacionados à prestação dos serviços, que considera gastos com transporte, pagamento de pessoal, aluguéis de imóveis, combustível, contratação de recursos para segurança, entre outros”, diz.

Impacto negativo O microempresário Daniel Bastos, 25, é dono da Arkade Punch, uma loja geek (especializada em venda de produtos ligados ao universo dos super-heróis e quadrinhos). Ele lembra que a maior parte dos fornecedores desse segmento estão em São Paulo.  O empreendedor recebeu a notícia do reajuste com surpresa  e disse que já tem adotado algumas estratégias para tentar diminuir custos. Consumidores criticam a qualidade do serviço (Foto: Arquivo CORREIO) “Tenho um irmão que mora em São Paulo. Toda vez que ele vem para Salvador pedimos para trazer alguns produtos. O mesmo acontece quando vamos viajar, aproveitamos para trazer algumas mercadorias. A gente também tem procurado fornecedores mais próximos”, diz.

Ele usa os serviços dos Correios desde que a loja dele foi inaugurada, e que esse é um hábito que desenvolveu antes mesmo de ter um empreendimento, quando comprava produtos pessoais pela internet. Para os especialistas, o costume deve ser repensado.

O analista técnico do Sebrae Anderson Teixeira sugere que os empreendedores busquem alternativas. Ele recomenda a busca de empresas especializadas em logística e que os microempresários avaliem se é mais barato continuar usando o serviço dos Correios ou substituí-lo.

“Existem empresas especializadas em entregas, com diversos associados. São empresas que têm logística própria e, por isso, não são afetadas pelo reajuste dos Correios”, afirmou o consultor. Especialistas orientam empreendedores a procurarem altermnativa (Foto: Arquivo CORREIO) E-commerce em alta  Anderson Teixeira lembra que o segmento de e-commerce está em crescimento na Bahia. Durante a Black Friday, o Nordeste é responsável por 12% das vendas no país. Apesar do aumento, os Correios ressaltam que a parceria com o e-commerce brasileiro é de extrema importância para a empresa, que essa relação permite a micro, pequenas e médias empresas, reduções de preço que chegam a mais de 30% no Sedex e 13% no PAC.

Mas o alerta do Mercado Livre, uma das maiores empresas do setor em operação no Brasil, mostra que há grande insatisfação com a operação dos Correios. Em nota, a empresa questiona: “Se a inflação do último ano foi em torno de 3%, como pode o aumento da taxa de entrega chegar a ser até dezessete vezes maior?”.

Segundo o ML, após o aumento, o frete brasileiro se tornará 42% mais caro do que o da Argentina, 160% mais caro do que do México e 282% mais caro do que o da Colômbia – para falar de outros países em que o Mercado Livre opera.

Outra bronca da empresa é com o cancelamento do e-sedex, que permitia a entrega de produtos do e-commerce com prazos mais curtos e a preços mais acessíveis. Para o Mercado Livre, o impacto do aumento anunciado pelos Correios será grande para os consumidores dos grandes centros urbanos, mas ainda maior para os que vivem fora dessas regiões. 

A estudante Alice Santana, que além de cliente do e-commerce pretende montar uma loja virtual com o noivo, diz que precisará calcular novamente as despesas. “O serviço dos Correios já é caro e não é bom”, lamenta. “Não posso repassar esse reajuste para os clientes, pelo menos não os 8%. Vou ter que arcar com a maior parte desse valor”, afirma.

Rachar a conta Outra alternativa apontada pelo analista do Sebrae é que os microempresários firmem parcerias para fazer as entregas. Empresas que atuam no mesmo segmento, como lojas de camisetas, por exemplo, podem contratar a mesma empresa de logística para fazer as entregas e dividir as despesas. "Eles vão continuar sendo concorrentes, vendendo os produtos em suas lojas virtuais, mas a empresa que fará a entrega será a mesma", explicou.

Ele afirmou que é preciso que os empreendedores ponderem que tipo de serviço precisam antes de fazer a contratação, para calcular as despesas e evitar desperdícios. Um exemplo dado pelo especialista é o seguinte: se os clientes e fornecedores da loja estão na Bahia não há necessidade de contratar serviço de entregas para fora do estado, ou caso os pedidos sejam feitos por pessoas nas capitais do país, não tem porque pagar por entregas internacionais etc.

A estudante de pedagogia Michele Santos, 24, contou que há muitos anos tem o hábito de comprar de tudo pela internet. Ela disse que a maioria das empresas optam por fazer as entregas pelos correios.

“Prefiro comprar no site por conta da comodidade de não ter que me deslocar até uma loja física e, principalmente, pelos descontos. Já comprei produtos com até 60% de desconto do preço da loja, e com frete grátis. As empresas de logística são mais rápidas na entrega, muitas vezes, o produto chega antes da data, mas a maioria das lojas ainda usam os correios”, disse.

Pelas contas do Mercado Livre 31,49% é o aumento nos custos para o envio de encomendas simples (PAC) pelos Correios. R$ 22,06 será o valor cobrado para o envio para as cidades baianas, como Feira de Santana, Vitória da Conquista, ou Salvador, por exemplo.  51% será o reajuste máximo no valor das encomendas simples, praticado na chamada rota 16, o que inclui municípios nas regiões Norte e Nordeste do país, como Fortaleza (CE), Recife (PE) e Rio Branco (AC). 23% será o reajuste médio praticado no Brasil, pelas contas do Mercado Livre. De acordo com nota enviada pelos Correios, o percentual de aumento praticado será menor, de 8% em média. Taxa de violência Outra novidade anunciada pelos Correios, depois do reajuste de 8% no valor das encomendas no país, foi a criação de uma taxa extra para cidades cujo índice de violência é considerado alto. Em nota, a empresa disse que os moradores do Rio de Janeiro terão que pagar R$ 3 a mais pelas encomendas, e que essa cobrança já é praticada por outras transportadoras brasileiras desde março de 2017.

“Conforme amplamente divulgado pelos veículos de comunicação, no Rio de Janeiro a situação de violência chegou a níveis extremos e o custo para entrega de mercadorias nessa localidade sofreu altíssimo impacto, dadas as medidas necessárias para manutenção da integridade dos empregados, das encomendas e até das unidades dos Correios”, diz a nota.

Ainda segundo os Correios, a cobrança extra poderá ser suspensa a qualquer momento, desde que a situação de violência seja controlada. Já o reajuste de 8% vale para os objetos postados entre capitais e nos âmbitos local e estadual, que representam a grande maioria das postagens realizadas nos Correios.

Os consumidores questionaram o valor. Para a fotógrafa Vanessa Ramos, 29 anos, o reajuste foi abusivo. “Sempre compro meus equipamentos pela internet porque existem poucas lojas especializadas em Salvador, e os valores são sempre absurdos. Pela internet é muito mais barato. O serviço dos correios é caro e demorado. Reajuste, pra mim, só se justifica se eu ver melhora no serviço ou nas condições de trabalho dos funcionários. Acho que não é o caso porque eles fazem greve direto”, afirmou.

O analistas técnico do Sebrae, Anderson Teixeira, acredita que que uma das consequências do reajuste será o aumento no número de empresas de entrega de encomendas no país. Para quem está em dúvida do que fazer uma alternativa é pesquisar na internet as chamadas e-marketplaces. "O mercado das empresas de logística deve crescer porque elas irão em busca dos empreendedores. Esse será o momento ideal para esse crescimento", afirmou.