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Carol Aquino
Publicado em 3 de abril de 2018 às 22:04
- Atualizado há 2 anos
A Bahia entrou na lista dos estados que são considerados pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) como incapazes de honrar dívidas contratadas. Isso porque a sua nota de Capacidade de Pagamento (Capag) foi rebaixada de B- para C. Com isso, o estado não poderá ter empréstimos que necessitem da garantia da União aprovados pelo Senado Federal. >
A informação foi divulgada no último Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF), publicado no mês passado, pela Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão ligado ao Senado que realiza análises sobre questões macroeconômicas.>
De acordo com a publicação, as garantias concedidas pela União em operações de crédito externo e interno feitas por estados, municípios e entidades da administração indireta chegaram a R$ 233,4 bilhões ao final de 2017. >
Entes federados e entidades da administração indireta dos três níveis de governo que têm nota A ou B, recebem a autorização de receber garantia federal em operações de crédito, enquanto os que recebem avaliações C ou D, não.>
A garantia serve para quando quem contratou o empréstimo atrasar o pagamento das parcelas, o Tesouro Nacional seja acionado pelo credor para que honre com a dívida, o que faz após ouvir o devedor. >
Na prática, a União não vai mais poder servir de “fiadora” de empréstimos que precisem do seu aval.>
Segundo Relatório de Avaliação Fiscal (RAF) emitido pela Instituição Fiscal Independente (IFI), a vantagem de ter a garantia é que “o risco incorrido pelo credor passa a estar mais associado à situação da União do que do tomador, o que viabiliza a operação e reduz o seu custo”, explicou o órgão vinculado ao Senado Federal. Ou seja, com essa garantia, além de ser mais fácil ter a aprovação do empréstimo, os juros cobrados podem ser menores.>
Novos critérios Em nota, a assessoria de comunicação da Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz) respondeu que o rebaixamento da nota se deve apenas aos novos critérios utilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional e disse que está discutindo o tema com a pasta.>
Segundo o comunicado, a Bahia está sendo prejudicada pela decisão tomada pela STN, no final de 2017, de mudar os critérios de classificação dos estados quanto à sua capacidade de pagamento.>
“Pela classificação anterior, que levava em conta oito parâmetros, o Estado tinha nota B. Com a mudança dos critérios, os parâmetros reduziram-se a três, e o nível de endividamento de cada estado perdeu importância. Um contrassenso quando se pretende avaliar a capacidade de endividamento. O resultado desta 'mágica' é que São Paulo, com dívida consolidada líquida equivalente a 171% da receita corrente líquida, pode tomar mais empréstimos com aval da União, enquanto a Bahia, em condições muito melhores (58%), estaria impedida", disse o comunidado oficial.>
A Bahia ainda tem uma segunda chance. Segundo o Tesouro Nacional, uma nova avaliação é feita toda vez que um empréstimo é contratado. “A nota precisará ser sempre apurada por ocasião da verificação do cumprimento de limites e condições, quando o Estado efetivamente entrar com um pedido de operação de crédito”, disse a assessoria do Ministério da Fazenda em nota enviada ao CORREIO. >
Histórico negativo De acordo com a nova metodologia usada pelo Tesouro Nacional, a Bahia passaria a apresentar nota C desde o ano de 2014 até 2017. Nesta nova metodologia, avalia três indicadores a seguir: capacidade de endividamento, poupança corrente e liquidez.>
Segundo a STN, “de acordo com a combinação da classificação dos três indicadores, sabe-se se o Ente está elegível a obter garantia da União na contratação de novos empréstimos”. >
Também foi reduzida a amplitude das avaliações. Os entes federados eram avaliados por notas que iam de A a D, com os complementos +, neutro ou positivo. Agora, as dezesseis avaliações possíveis passaram a quatro. >